Acusado de terrorismo, professor da UFRL é deportado para França

Agentes da PF teriam dado 1 hora para que ele fizesse a mala

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O professor de física visitante UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), o franco argelino Adlène Hicheur, foi deportado na noite desta sexta-feira (15) para a França. A reitoria da universidade se disse surpresa com a notícia da "sumária deportação". "Manifestamos extrema preocupação com a ação, anunciada sem apresentação de justificativas claras e atenção a princípios democráticos básicos, como direito à defesa", afirma nota divulgada pela direção da universidade.

Segundo reitor da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), Roberto Leher, o docente foi surpreendido por agentes da Polícia Federal em sua casa na Tijuca, zona norte do Rio. Os policiais teriam dado uma hora para que Adlène Hicheur recolhesse seus pertences, pois estavam cumprindo um mandado de deportação estabelecido pelo ministro da Justiça, Alexandre de Moraes.

Adlène foi levado sob escolta para o Aeroporto Internacional do Galeão, onde recebeu o apoio do reitor, de procuradores e advogados.

Adlène Hicheur foi condenado na França a cinco anos de prisão sob acusação de planejar atentados terroristas. O físico, nascido na Argélia e naturalizado francês, radicado no Brasil havia mais de três anos, divulgou em janeiro passado um texto afirmando que o processo judicial que o condenou não reuniu provas contra ele, apesar da sentença. Ao obter liberdade provisória, após dois anos, ele se mudou para o Rio para lecionar no Instituto de Física da UFRJ como professor visitante.

"Fui preso pela polícia francesa no fim de 2009 e a única justificativa de minha detenção foram minhas visitas aos chamados websites islâmicos subversivos. Fui privado da minha liberdade por dois anos apenas com base nisso. Nenhum outro elemento foi apresentado contra mim", afirmou ele na carta, encaminhada ao CBPF (Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas) em janeiro passado.

O reitor ainda afirmou que o professor não teve direito de escolha sobre seu destino. Ele pediu para seguir para a Argélia, onde tem família, mas foi negado. O contrato dele junto à UFRJ por mais dois anos havia sido renovado há apenas três dias. A deportação acontece após ataque que matou ao menos 84 pessoas em Nice, sul da França.

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