Depois da acusação de torturar 24 presos em dois dias, e a decretação da ilegalidade da greve pelo Tribunal de Justiça, os agentes penitenciários decidiram, neste sábado, encerrar a paralisação que durou 15 dias.
De acordo com o presidente do Sindicato dos Agentes Penitenciários, Jarbas de Souza, a ordem é esperar que agentes e Governo negociem uma saída para a crise dos presídios sem penalizar os presos.
Na manhã deste sábado, dois presos foram internados no Hospital Geral do Estado. Acompanhados por agentes, eles disseram que foram espancados durante uma briga, com outros detentos, no presídio Baldomero Cavalcante, na parte alta da capital alagoana.
O Ministério Público Estadual acusa os agentes de torturar os presos; eles negam as acusações e pedem apuração dos casos. Os agentes querem aumento de 110% nos salários. No meio da crise do sistema prisional, exames de corpo de delito constataram que os presos foram torturados com fios de aço e balas de borracha disparadas à queima roupa por pelo menos 25 agentes penitenciários. Um dos tiros atingiu a perna de um dos presos.
"Por poucos milímetros a bala não atingiu a principal veia da perna e ele não morreu", disse o promotor da Vara de Execuções Penais, Cyro Blater. As sessões de tortura duraram duas horas. Em um dos casos, 15 presos foram colocados em uma cela onde cabiam duas pessoas, por sete dias.
"Isso é selvageria, um inferno de Dante. Depois que estes presos saem deste confinamento por sete dias, viram feras", disse Blater. Não é a primeira vez que se registram casos de tortura envolvendo agentes penitenciários e presos.
Em 2006, quatro presos foram assassinados no presídio Baldomero Cavalcante; em 2007, seis presos morreram aparentemente por suicídio. Mas, o Ministério Público constatou casos de tortura e agentes foram presos. Descobriu-se depois que eles lideravam um grupo de extermínio, que atuava na parte alta de Maceió.