O advogado Fabrício Peruchin pediu a realização de um exame de sanidade mental no bioquímico de 46 anos suspeito de matar a mulher, Márcia Calixto, de 39 anos, e o filho Matheus, de cinco, em sua residência, na Zona Sul de Porto Alegre. A solicitação foi feita há cerca de uma semana, e a decisão fica a cargo da juíza Carla Fernanda De Cesaro, da 1ª Vara do Júri de Porto Alegre. ?É um direito que ele tem?, disse o advogado.
Peruchin representa o suspeito no caso. Segundo ele, o cliente já foi avisado pelo pedido. Se a Justiça autorizar o exame, um psiquiatra particular acompanhará a realização. O suspeito não se manifestou sobre a solicitação. ?Ele deu carta branca para que a defesa tomasse as medidas que achasse adequadas. Sequer se intromete nestas questões?, explicou o advogado.
O objetivo do pedido é livrar o cliente do júri popular e de uma possível detenção em um presídio convencional. Se o pedido for aceito, o suspeito pode ter de cumprir medida de segurança em uma casa para doentes mentais. Para isto, no entanto, não basta o exame apontar a insanidade. Depois disso, será realizada uma perícia para avaliar se ele será considerado inimputável, ou seja, não poderá responder pelo crime.
Segundo o advogado, na prática não há prazo mínimo nem máximo para a aplicação da medida, que pode até mesmo ser perpétua. ?Apesar de haver um prazo previsto por lei, isso depende de avaliações periódicas. Se sempre que for feita, for detectada a insanidade, ele continuaria cumprindo a medida?, explicou.
Peruchin falou também sobre o pedido da família de Márcia Calixto, da transferência dos bens para os pais da vítima. Ele disse que outro advogado foi contratado pela família do suspeito para tratar da questão da herança. ?Isso futuramente será alvo de ação, mas a família do meu cliente me adiantou que não tem interesse em ficar com a parte de Márcia da herança. Eles preferem que fique com a família da vítima?, afirmou.
O suspeito está internado no Instituto Psiquiátrico Forense desde quando deixou o Hospital de Pronto Socorro, no início do mês. No último dia 8, a Justiça do Rio Grande do Sul aceitou denúncia contra o homem de 46 anos suspeito de matar a mulher e o filho no final do mês de julho, na Zona Sul de Porto Alegre.
No despacho, Carla Fernanda De Cesaro salientou os indícios de autoria do delito, atestados por bilhetes que expressam a desilusão amorosa do réu em relação à mulher, o motivo dos crimes e, ainda, a intenção do acusado em cometer suicídio. Também foram destacados depoimentos de funcionária do casal, de colegas do trabalho da vítima e de outras pessoas próximas afirmando que a ela havia relatado ameaças pelo marido.
Segundo a polícia, o bioquímico teria matado a enfermeira Márcia Calixto Carnetti, de 39 anos, e o filho Matheus, 5, motivado por ciúme e desejo de vingança. Além disso, o crime teria sido cometido com instrumento cortante enquanto ambos estavam dormindo e alguns golpes aplicados no corpo das vítimas foram não letais, com intuito de causar dor e sofrimento, acrescenta a denúncia.