O advogado Rui Pimenta, que defende o goleiro Bruno Souza, contestou neste domingo (8) reportagem da revista Veja sobre uma carta que o atleta escreveu para Luiz Henrique Romão, o Macarrão, pedindo para o amigo assumir a autoria do assassinato de Eliza Samudio, ex-amante do goleiro desaparecida em junho de 2010.
Ambos estão presos acusados de matar a jovem e vão a júri popular, junto com outros seis réus, ainda sem data marcada.
Segundo a revista, o conteúdo da correspondência sugere que o goleiro, com o envio da carta, coloca em prática uma estratégia intitulada de ?plano B?, sendo que o ?plano A? era negar a autoria da morte da jovem, o que os réus sempre afirmaram até o momento. A carta, de acordo com Veja, foi interceptada por um agente da penitenciária de segurança máxima Nelson Hungria, em Contagem (MG), onde os dois estão presos, e Macarrão não chegou a ter acesso a ela.
A carta, que não tem data, diz: "...conversei muito com os nossos advogados [...]eles acham que a melhor forma para resolvermos isso é usando o plano B". ?Eu sinceramente nunca pediria isso para você, mas hoje não temos que pensar em nós somente. Temos uma grande responsabilidade que são nossas crianças?, reproduziu a revista. ?Você me disse que se precisasse você ficaria aqui e que era para eu nunca te abandonar. Então, irmão, chegou a hora.?
Rui Pimenta alega que a correspondência não tem data e a revista não cita os nomes dos dois peritos que teriam atestado a veracidade da assinatura de Bruno. ?Eu acho que essa carta está navegando no espaço, perde-se no tempo pela ausência da data em que teria sido feita. De início, ela tem essas suspeitas de ser até uma montagem?, diz , alegando que o documento não faz parte do processo.
Quando assumiu a defesa do jogador, Pimenta adotou a postura de não negar o assassinato, mas afirma que o crime teria sido praticado à revelia de Bruno, tendo Macarrão como principal mentor.
?Não tem sentido [a carta] porque o Bruno e os demais réus foram pronunciados, eles vão a júri popular. Não seria o Macarrão assumindo agora o crime que livraria o Bruno da cadeia. A absolvição do meu cliente se daria somente pelos jurados?, afirma Pimenta.
?Essa carta, se for verídica, refere-se a um tal plano B que não é explicitado, cita as palavra perdão, cita amizade, família, não tem nexo com o que a revista quis comprovar. O texto se dirige para a esquerda. A interpretação da revista se dirige para a direita?, alega o advogado.
Bruno será questionado
Pimenta afirmou que vai se encontrar com Bruno nesta segunda-feira (9) na penitenciária. ?Eu vou levar um exemplar da revista e perguntar a ele se foi o autor da carta. Eu não acredito que ele tenha feito isso.?
O advogado afirmou ainda que irá questionar a Secretaria de Estado de Defesa Social por ter enxergado no episódio uma suposta negligência. ?A revista afirma que a carta foi interceptada por um agente penitenciário, que não foi identificado. Mas, se o documento é verdadeiro e essa interceptação ocorreu, por que a secretaria não o remeteu à juíza [Marixa Fabiane Lopes Rodrigues] de Contagem, que é a responsável pelo processo??