O advogado Lúcio Adolfo, que defende Bruno Fernandes, disse nesta sexta-feira (8), que o goleiro recebeu bem a notícia de sua condenação, mas ficou consternado. No início da madrugada, o conselho de sentença, formado por dois homens e cinco mulheres, decidiu condenar o goleiro e absolver, a ex-mulher dele, Dayanne Rodrigues. De acordo com o defensor, que admitiu estar chateado com o resultado, ele pediu ao cliente que não chorasse diante da decisão. A defesa adiantou que recorrerá da sentença da juíza Marixa Fabiane Lopes Rodrigues, que condenou o goleiro a 22 anos e 3 meses de prisão. ?Ela pode estar certa. O tribunal e os recursos vão dizer?, pontuou.
Após o anúncio da decisão, Lúcio Adolfo afirmou temer pela segurança do cliente na cadeia, devido ao fato de ele ter delatado o ex-policial Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, e Luiz Henrique Ferreira Romão, o Macarrão. Segundo ele, por medo, Bruno não havia admitido a morte de Eliza Samudio anteriormente.
Outro advogado do goleiro, Tiago Lenoir, afirmou ter perdido uma batalha, mas não a guerra. Ele também representa Dayanne. Em relação a absolvição da ré, ele disse considerar a defesa vitoriosa. Em uma rede social, comemorou o resultado e antecipou que ela havia sido absolvida pelos jurados.
Eliza desapareceu em 2010 e seu corpo nunca foi achado. Ela tinha 25 anos e era mãe do filho recém-nascido do goleiro Bruno, de quem foi amante. Na época, o jogador era titular do Flamengo e não reconhecia a paternidade.
Para a Justiça, a ex-amante do jogador foi morta em 10 junho de 2010, em Vespasiano (MG), após ter sido levada à força do Rio de Janeiro para o sítio do goleiro em Esmeraldas (MG), onde foi mantida em cárcere privado. A certidão de óbito foi emitida por determinação judicial. A criança, que foi achada com desconhecidos em Ribeirão das Neves (MG), hoje vive com a avó em Mato Grosso do Sul. Um exame de DNA comprovou a paternidade.
A Promotoria afirma que, além de Bruno e Dayanne, mais sete pessoas participaram dos crimes. Luiz Henrique Ferreira Romão, o Macarrão, amigo de Bruno, e Fernanda Gomes de Castro, ex-namorada do atleta, foram condenados no júri popular realizado em novembro de 2012.
No dia 22 de abril, Bola será julgado. Em 15 de maio, enfrentarão júri Elenílson Vitor da Silva, caseiro do sítio, e Wemerson Marques de Souza, amigo do goleiro. Sérgio Rosa Sales, primo de Bruno, foi morto a tiros em agosto de 2012. Outro suspeito, Flávio Caetano Araújo, que chegou a ser indiciado, foi absolvido (saiba quem são os réus).
Jorge Luiz Rosa, outro primo do goleiro, que era menor de idade na época da morte, cumpriu medida socioeducativa por crimes similares a homicídio e sequestro. Atualmente tem 19 anos e é considerado testemunha-chave do caso.
Veja a seguir como foi o debate entre o promotor Henry Wagner Vasconcelos de Castro e os advogados dos réus, na quinta-feira (7), e o que aconteceu nos demais dias do júri popular:
Lúcio Adolfo, advogado de Bruno Fernandes de Souza, encerrou os debates entre defesa e acusação pedindo aos jurados a absolvição do goleiro, apesar de em nenhum momento ter afirmado que o jogador é inocente na morte de Eliza Samudio. Ele voltou a falar que a ação tem falhas, desqualificou o depoimento de Jorge Luiz Rosa, primo do atleta menor de idade à época dos crimes, e acusou mais uma vez o Ministério Público de ter feito um "acordo" com Luiz Henrique Ferreira Romão, o Macarrão, para "não passar vergonha". O defensor pediu aos jurados que, em caso de condenação, a pena do goleiro seja menor que a de Macarrão. "Não deve passar de 10 [anos]", disse.