O ajudante de pedreiro Amarildo de Souza foi morto após uma sessão de tortura feita por policiais da UPP da Rocinha, na Zona Sul do Rio, com choques elétricos e asfixia com saco plástico, diz o relatório entregue anteontem pela Divisão de Homicídios (DH) ao Ministério Público (MP). Segundo o promotor, Amarildo poderia ter informações sobre o tráfico na favela, o que motivou a tortura. Quatro moradores ouvidos durante a investigação disseram ter sido vítimas de tortura praticada por policiais, o que reforçou a convicção da polícia.
? Existem testemunhas que relatam casos de tortura na Rocinha. A prática de tortura era comum na UPP. Há indícios de que isso aconteceu com o Amarildo por causa de uma operação de combate ao tráfico ? disse o promotor Homero Freitas.
O MP irá oferecer denúncia à Justiça por tortura seguida de morte e ocultação de cadáver amanhã, com indiciamento de dez policiais. Entre eles, o major Edson Bastos, comandante da UPP da Rocinha quando Amarildo desapareceu, em 14 de julho. Na época, o major disse ter visto Amarildo descendo uma escadaria na área. A informação foi contestada pelo promotor.
De acordo com provas baseadas em depoimentos de testemunhas, Amarildo prestava pequenos serviços para o tráfico. Ficava encarregado dos churrascos e tomava conta de armas, segundo informações do MP.
O delegado Ruchester Marreiros, responsável pela investigação iniciada pela 15ª DP (Leblon), comentou a investigação:
? O que foi concluído pela Divisão de Homicídios confirmou o que eu disse. E tudo isso gera mais indícios ainda de que, se o Amarildo fazia parte do tráfico, a Beth (mulher de Amarildo) também fazia.
O advogado João Tancredo, que representa a família do ajudante de pedreiro, rebateu as acusações de envolvimento com o tráfico.