O goleiro Bruno Fernandes vai ficar 20 dias sem banho de sol e sem receber visitas, além de não poder trabalhar na Penitenciária Nelson Hungria, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. A punição final e o prazo foram definidos em reunião nesta segunda-feira (16) após a Comissão Disciplinar do Complexo Prisional ouvir o jogador. O prazo começa a contar da data de hoje, segundo a Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds).
De acordo com a secretaria, a punição tem base no Regimento Disciplinar Prisional, artigo 27, Inciso 23, que trata do desrespeito às leis e normas vigentes. Normas internas determinam que toda correspondência recebida ou enviada pelos detentos deve passar por um setor de monitoramento para registro e conferência de teor.
A secretaria entendeu que Bruno cometeu erro disciplinar ao ignorar as regras de segurança e enviar, fora dos trâmites legais, uma carta ao público externo à unidade, por meio do advogado Rui Pimenta. A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) será notificada sobre a saída da carta do presídio, o que ocorreu por meio da defesa do advogado.
O defensor Rui Pimenta confirmou nestas exta-feira (13) que recebeu a mensagem de seu cliente e a entregou a um apresentador de programa de televisão nesta quinta-feira (12).
Outra carta assinada pelo jogador foi divulgado pela imprensa no dia 7 de julho. A punição também está relacionado com este fato, segundo a Seds.
Carta para Macarrão
A última edição da revista ?Veja? publicou outra carta de autoria do goleiro, segundo a defesa de Bruno. O texto, que era endereçado a Luiz Henrique Romão, o Macarrão, citava um "plano B". Os advogados Rui Pimenta e Francisco Simim visitaram o jogador nesta segunda-feira (9) na Penitenciária Nelson Hungria, quando o jogador confirmou ter escrito a mensagem e explicou seu teor.
"O que o Bruno quis ressaltar é que assumir o "plano B" era uma obrigação do Macarrão, porque o Macarrão havia traído Bruno quando sumiu com a Eliza", justificou Pimenta. Segundo o advogado, Eliza foi morta sem o consentimento do jogador. Pimenta alega que a carta foi redigida em novembro do ano passado e veio a público com o final apagado, dando margem a distorções. Ele afirmou ao G1 que, no trecho final Bruno disse ter escrito: "Macarrão, você tem realmente que assumir este crime porque eu não posso pagar por sua traição. Eu não mandei você sumir com a Eliza", relatou.
A Secretaria de Estado de Defesa Social informou que a carta escrita pelo goleiro não consta nos registros de correspondências enviadas e recebidas por detentos da Penitenciária Nelson Hungria. De acordo com a Seds, o atleta disse, em depoimento na unidade prisional nesta segunda, que pediu para outro preso entregar a mensagem ao amigo. A Seds informou ainda que a penitenciária dará continuidade ao procedimento de apuração para checar como a carta saiu da unidade prisional. As informações levantadas serão remetidas à Justiça.
Caso Eliza Samudio
O goleiro Bruno Fernandes e mais sete réus vão a júri popular no processo sobre o desaparecimento e morte de Eliza Samudio, ex-namorada do jogador. Para a polícia, Eliza foi morta em junho de 2010 na Região Metropolitana de Belo Horizonte, e o corpo nunca foi encontrado. Em fevereiro de 2010, a jovem deu à luz um menino e alegava que o atleta era o pai da criança. Atualmente, o menino mora com a mãe de Eliza, em Mato Grosso do Sul.
O goleiro, o amigo Luiz Henrique Romão ? conhecido como Macarrão ?, e o primo Sérgio Rosa Sales vão a júri popular por sequestro e cárcere privado, homicídio triplamente qualificado e ocultação de cadáver. Sérgio responde ao processo em liberdade. O ex-policial Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, também está preso e vai responder no júri popular por homicídio duplamente qualificado e ocultação de cadáver.
Dayanne, ex-mulher do goleiro; Wemerson Marques, amigo do jogador, e Elenílson Vítor Silva, caseiro do sítio em Esmeraldas, respondem pelo sequestro e cárcere privado do filho de Bruno. Já Fernanda Gomes de Castro, outra ex-namorada do jogador, responde por sequestro e cárcere privado de Eliza e do filho dela. Eles foram soltos em dezembro de 2010 e respondem ao processo em liberdade. Flávio Caetano Araújo, que chegou a ser indiciado, foi inocentado.
Segundo o Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG), não há previsão de data para o julgamento do caso Eliza Samudio.