A Polícia Civil do Rio de Janeiro recolheu nesta sexta-feira 62 cápsulas de munição deflagradas pelo atirador Wellington Menezes de Oliveira na escola municipal Tasso da Silveira, em Realengo, onde 12 estudantes foram mortos na manhã de quinta-feira. Segundo o delegado titular da Divisão de Homicídios, Felipe Ettore, o atirador recarregou o revólver de calibre 38 que usava na mão direita pelo menos nove vezes durante a ação.
Além dos revólveres, um de calibre 38 e outro de calibre 32, a polícia recolheu oito speedloaders, equipamento usado para aumentar a velocidade com que os revólveres são recarregados, e um canivete. Ettore não quis comentar o conteúdo da bolsa que Wellington carregava. "Está sendo alvo de investigação. O que importa para nós agora é traçar o perfil dessa pessoa. Saber quem ele é e o que motivou a ter essa atitude", afirmou o delegado.
De acordo com Ettore, as investigações não apontam para fundamentação religiosa. Para o delegado, tudo leva a crer que o atirador sofria distúrbios mentais. "Era uma pessoa reclusa, introspectiva. Desde pequeno usava calça comprida e camisa social para dentro da calça. Não tinha amigos, nunca teve namorada", afirmou. Segundo os depoimentos coletados pela polícia, Wellington ficou ainda mais isolado após a morte dos pais adotivos.
Segundo o delegado, não há indícios de que o atirador tenha escolhido alvos, dando preferência a meninas. "Ele atirou de forma aleatória. Não posso dizer que tenha mirado em meninas ou em uma pessoa em especial", afirmou. O delegado também acredita que Wellington não necessitou de perícia prévia para manusear o armamento. "Tanto o revólver de calibre 38 quando o de calibre 32 são de fácil manuseio. Qualquer pessoa poderia utilizar as armas", disse.
Atentado
Um homem matou pelo menos 12 estudantes a tiros ao invadir a Escola Municipal Tasso da Silveira, em Realengo, zona oeste do Rio de Janeiro, na manhã do dia 7 de abril. Wellington Menezes de Oliveira, 24 anos, era ex-aluno da instituição de ensino e se suicidou logo após o atentado. Segundo a polícia, o atirador portava duas armas e utilizava dispositivos para recarregar os revólveres rapidamente. As vítimas tinham entre 12 e 14 anos. Outras 18 ficaram feridas.
Wellington entrou no local alegando ser palestrante. Ele se dirigiu até uma sala de aula e passou a atirar na cabeça de alunos. A ação só foi interrompida com a chegada de um sargento da Polícia Militar, que estava a duas quadras da escola. Ele conseguiu acertar o atirador, que se matou em seguida. Em uma carta, Wellington não deu razões para o ataque - apenas pediu perdão de Deus e que nenhuma pessoa "impura" tocasse em seu corpo.