A audiência de instrução do caso Mércia Nakashima chega nesta quinta-feira (21) ao quarto dia no fórum de Guarulhos, na Grande São Paulo. Serão ouvidos os réus Mizael Bispo de Souza, de 40 anos, e Evandro Bezerra Silva, de 39 anos, acusados de matar a advogada em maio. A expectativa é que esta seja a última sessão.
Os dois acusados negam o crime e alegam inocência. A previsão é que a audiência seja retomada na Grande São Paulo às 13h, de acordo com o Tribunal de Justiça (TJ).
Na manhã de quarta, os desembargadores do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) decidiram, por dois votos a um, que a dupla deve continuar respondendo ao processo de homicídio em liberdade.
A decisão desagradou a família da vítima. ?Foi uma ducha de água fria e espero que isso não seja um incentivo para que as pessoas continuem fazendo violência contra a mulher?, disse o pai de Mérica, Macoto Nakashima. ?A esperança é a última que morre e espero que Mizael seja pronunciado ao fim da audiência.?
Audiência
Na quarta, terceiro dia de depoimentos, o juiz Leandro Jorge Bittencourt Cano ouviu três testemunhas do juízo. O primeiro a ser interrogado foi Wilson Aparecido da Silva Ferreira, amigo de Mizael. Ele disse que o acusado o procurou para saber se haveria irregularidades no rastreador de seu veículo. Ele contou que trabalha em uma empresa de caminhões onde, em determinadas ocasiões, os rastreadores desses veículos apresentam problemas.
Em seguida foi ouvido Leonardo de França, funcionário de uma empresa de rastreadores. Ele disse que registrou boletim de ocorrência contra Mizael e o advogado Ivon Ribeiro. Os dois, segundo ele, se exaltaram após ficarem sabendo que a troca do rastreador de seu carro seria demorada e que não seria elaborado um laudo sobre o problema apresentado pelo aparelho.
O terceiro e principal depoimento do dia foi de Renato Pattoli, perito responsável pelo laudo de reconstituição do assassinato. Ele reforçou que a alga encontrada em um dos sapatos de Mizael é semelhante às da represa de Nazaré Paulista, no interior de São Paulo. Segundo o especialista, a alga em questão se desenvolve apenas em águas calmas, em profundidade entre 10 e 60 centímetros. Ele explicou que amostras de terra da beira e do interior da represa foram colhidas e comparadas com o solado do sapato de Mizael.
No segundo dia, oito testemunhas arroladas pela defesa de Mizael Bispo de Souza falaram à Justiça. Também foram ouvidas três testemunhas de defesa do outro réu, o vigia Evandro Bezerra Silva.
O primeiro dia de interrogatórios terminou no fim da tarde de segunda-feira com o depoimento de uma testemunha sigilosa, denominada "ômega". Além dela, foram interrogados, pela ordem, Cláudia Nakashima, advogada e irmã de Mércia; Alexandre Simone Silva, investigador do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP); Márcio Nakashima, irmão de Mércia; Bruno da Silva Oliveira, flanelinha que trabalha em frente ao Hospital Geral de Guarulhos; Jurandir Ferreira da Silva, que trabalha em uma loja de conveniências em um posto onde Evandro era vigia; e Maria Cleonice Ferreira, que trabalha em uma ONG para a qual Márcia prestava assessoria jurídica.
A expectativa no Fórum de Guarulhos é que a Justiça decida se os réus irão ser levados para julgamento popular ou não. O juiz Bittencourt Cano não dará a sentença nesta semana sobre essa etapa do processo, chamada de pronúncia ou impronúncia, respectivamente.
Isso porque os defensores defendem que o caso seja julgado onde o crime ocorreu. E o TJ ainda não se manifestou sobre isso. Mércia morreu afogada numa represa em Nazaré.