Madeireiros tentaram roubar na madrugada deste domingo (26) uma carga de madeira apreendida em janeiro no Projeto de Desenvolvimento Sustentável (PDS) Esperança, assentamento onde foi assassinada em 2005 a irmã Dorothy Stang, em Anapu, no Pará.
Um suspeito foi preso em flagrante nas imediações da sede do município de Anapu com um caminhão com material roubado, segundo o delegado Melquesedeque Ribeiro, que está averiguando o caso.
O madeireiro já teve conflitos anteriores com os assentados do PDS. No começo deste mês, ele chegou a assinar um termo se comprometendo a não adentrar área. O descumprimento deverá lhe render uma acusação adicional, detalhou o delegado Ribeiro. Quatro pessoas que estavam com o suspeito no caminhão foram liberadas após alegarem que estavam apenas pegando carona no veículo.
"Ele roubou a madeira de lá na presença das pessoas que lá aguardavam. Não estava armado, mas fez uma ameaça verbal. E disse ainda que se não deixassem ele levar a madeira de lá, a queimaria", informou o delegado.
Invasão
A invasão ao assentamento foi denunciado por moradores, segundo informaram representantes da Comissão Pastoral da Terra (CPT) no município de Anapu.
De acordo com a irmã Jane Dwyer, da CPT, que foi ao PDS neste domingo, o grupo de madeireiros invadiu o assentamento de madrugada com motos, um caminhão e uma caminhonete. Eles carregaram os veículos com madeira, mas a caminhonete quebrou e o caminhão ficou atolado.
Somente durante o dia eles conseguiram desatolar o caminhão, chegando à cidade de Anapú no final da tarde. Nesse momento, foram abordados pela Polícia Civil. O suspeito de ser o líder dos madeireiros foi levado à delegacia.
A madeira tirada ilegalmente era parte de um lote já beneficiado que estava desde janeiro sob guarda do Incra, após operação da Polícia Federal no PDS que flagrou desmatamento ilegal. Após a apreensão, foi decidido que seria usado para construir casas para os assentados.
Segundo a irmã Jane, mesmo sabendo que os madeireiros tentavam tirar a carga de madeira do assentamento, eles não reagiram porque têm orientação de não tentarem deter os roubos de madeira por conta própria, dado o histórico de violência na área. "O povo não tem como se defender de madeireiros, pistoleiros e esse tipo de gente?, disse a religiosa.