O advogado José Beraldo, que representa a família a jovem Ana Claudia Melo da Silva, 18, assassinada a facadas no dia 22 de março, em sua casa, no bairro da Saúde (zona sul de São Paulo), afirmou nesta terça-feira que o beijo que a jovem deu em Ronaldo Fenômeno após o jogo entre Corinthians e Santos pode ter suscitado ciúme no ex-jogador de futebol Janken Ferraz Evangelista, preso pelo crime.
Ele afirmou que irá solicitar à Justiça que Ronaldo seja arrolado como testemunha de acusação, assim como Fábio Costa, goleiro do Santos. A fase em que os dois devem ser indicados é a de um eventual júri popular, segundo Beraldo.
"Vou colocá-los para serem ouvidos em plenário em júri popular. Quero ouvir no plenário do júri o jogador Ronaldo Fenômeno para mostrar a lisura e integridade de Ana Cláudia e confirmar que o que ocorreu foi apenas um beijo de fã carinhoso e respeitoso", afirmou o advogado.
A assessoria de imprensa do Corinthians foi procurada para comentar o assunto por volta das 12h40 e não havia dado uma resposta até a conclusão deste texto. Assim que o fizer ele será incluído.
Hoje acontece a reconstituição do crime com a participação do ex-jogador. A versão que está sendo executada é a apresentada por Janken.
Beraldo sustenta que o beijo de Ana Cláudia no Fenômeno pode ter suscitado ciúme no ex-jogador. O advogado disse ainda que Ronaldo chegou a brincar com o filho dela com Janken.
Contrariando o que havia dito momentos antes, o advogado disse que o laudo do IML (Instituto Médico Legal) aponta 23 facadas no corpo da jovem. Dessas, segundo a versão apresentada por ele, quatro foram desferidas no pescoço, dez na mão direita, oito na mão esquerda e uma no abdômen.
"E com base nesses ferimentos é impossível a alegação de legítima defesa porque o crime teve requintes de crueldade", afirmou Beraldo.
O advogado baseará sua tese em homicídio duplamente qualificado --requintes de crueldade e sem possibilidade de defesa da vítima. Ele quer ainda que seja imputado a Janken o crime de subtração de menor e furto de R$ 500 da residência.
Crime
Ana Claudia foi encontrada morta no chão do banheiro de empregada com diversos ferimentos de faca no pescoço. Havia marcas de sangue no banheiro, na cozinha e na lavanderia do apartamento. Câmeras registraram o momento em que o marido deixou a residência com o filho do casal, sendo que uma ordem judicial o proibia de sair do local sozinho com a criança.
Evangelista foi preso três dias depois do crime na cidade de Teixeira de Freitas (BA), onde estava com o filho, na casa de parentes. Atualmente, ele cumpre prisão preventiva no CDP (Centro de Detenção Provisória) de Pinheiros, zona oeste de São Paulo.
Quase dois meses após o assassinato, a família da jovem ainda tenta na Justiça a guarda do filho dela --de um ano e dez meses--, que desde então mora em Teixeira de Freitas (BA) com os pais do ex-jogador.