A nora da mulher que preparou o bolo responsável pela morte de três pessoas em Torres, no litoral do Rio Grande do Sul, foi presa neste domingo (5) sob suspeita de envolvimento no crime. A prisão temporária da mulher foi decretada pela justiça por triplo homicídio duplamente qualificado e tentativa de homicídio em três casos, também duplamente qualificada. Ela foi levada para a Delegacia de Polícia de Torres e encontra-se detida no Presídio Estadual Feminino da cidade.
As vítimas fatais foram as irmãs Neuza Denize Silva dos Anjos e Maida Berenice Flores da Silva, além da filha de Neuza, Tatiana Denize Silva dos Anjos. Após a ingestão do bolo, as três morreram. A polícia investiga a presença de arsênio no sangue das vítimas, confirmado após exames realizados no hospital onde os sobreviventes estão internados. A origem da substância tóxica ainda está sendo apurada.
A mulher que preparou o bolo, Zeli dos Anjos, de 60 anos, encontra-se em estado estável na UTI, conforme o boletim médico. Uma criança de 10 anos, que também consumiu o bolo, foi liberada do hospital na última sexta-feira.
Segundo o delegado Marcos Vinícius Veloso, responsável pela investigação, as pessoas que comeram o bolo perceberam um gosto estranho logo nos primeiros pedaços. O sabor apimentado e desagradável causou desconforto imediato. Zeli, ao ouvir as reclamações, interrompeu a distribuição do bolo, mas foi tarde demais: “Assim que o menino de 10 anos reclamou do gosto, ela colocou a mão sobre o bolo e disse que ninguém mais comeria. Nesse momento, as pessoas começaram a passar mal”, relatou o delegado.
O marido de Neuza não consumiu o bolo e não apresentou sintomas, enquanto o marido de Maida, que também comeu o doce, foi hospitalizado, mas já recebeu alta. Os nomes dos dois homens não foram divulgados oficialmente.
Até o momento, a polícia ouviu cerca de 15 pessoas no âmbito da investigação sobre as mortes das três mulheres da mesma família. Zeli dos Anjos será interrogada assim que sua condição de saúde permitir.
No dia 27 de dezembro, a polícia realizou diligências nas casas de familiares em Canoas, Arroio do Sal e Torres para buscar mais provas relacionadas ao caso. A investigação indica que a família mantinha boas relações, e até o momento não há indícios de disputa por herança ou outros motivos pessoais.
Os laudos periciais do bolo, com previsão para ficarem prontos na próxima semana, devem esclarecer se houve contaminação cruzada de alimentos e revelar mais detalhes sobre o que realmente havia no bolo.