A Polícia Civil de Torres, no Rio Grande do Sul, investiga fortes indícios de que Deise Moura dos Anjos, suspeita de envenenar um bolo de frutas cristalizadas com arsênio, tenha praticado outros envenenamentos em série. O caso, que resultou na morte de três mulheres, agora se amplia com a confirmação de que o sogro de Deise, Paulo Luiz dos Anjos, também foi vítima de envenenamento por arsênio, o que eleva para quatro o número de mortes associadas ao envenenamento.
Nesta sexta-feira (10), as autoridades confirmaram que Paulo Luiz dos Anjos, falecido em setembro, foi envenenado com arsênio antes de morrer. O exame realizado após a exumação do corpo identificou a presença da substância tóxica. Deise, que estava temporariamente presa, teria comprado arsênio várias vezes, incluindo antes da morte do sogro e das três mulheres que faleceram em dezembro. A polícia apura se outros familiares próximos também foram vítimas do envenenamento.
INVESTIGAÇÕES
A delegada regional Sabrina Deffente declarou que as investigações estão em andamento, e a polícia está considerando a exumação de outros corpos para confirmar se mais vítimas foram envenenadas. De acordo com a delegada, há suspeitas de que as mortes de familiares de Deise, além das três mulheres em Torres, possam estar relacionadas a envenenamentos semelhantes. Se confirmada, o número de mortes pode subir para cinco.
O QUE APONTA A PERÍCIA?
O Instituto Geral de Perícias (IGP) do Rio Grande do Sul realizou uma série de exames no bolo de frutas cristalizadas que causou as mortes. Foram analisadas 89 amostras, e apenas a farinha do bolo apresentou uma concentração de arsênio 2.700 vezes maior do que o normal. A substância foi identificada com o uso de equipamentos de fluorescência de raio-X, que ajudaram a identificar o arsênio como o elemento predominante. Além disso, os exames realizados nas vítimas confirmaram altas concentrações de arsênio nos seus corpos.
INVESTIGAÇÃO
Após as mortes, mensagens enviadas por Deise Moura dos Anjos para a sogra, Zeli dos Anjos, indicaram um comportamento estranho e evasivo, sugerindo que a suspeita tentava minimizar a gravidade da situação e evitar investigações. Em uma das mensagens, Deise mencionou que a morte do sogro poderia ter várias causas, incluindo intoxicação alimentar, mas evitou sugerir qualquer envolvimento direto com o envenenamento.
As investigações também revelaram que, antes dos incidentes, Deise fez várias pesquisas online sobre arsênio e venenos. As buscas, feitas em celulares apreendidos pela polícia, incluíam termos como "arsênio veneno" e "veneno que mata humano", o que aumenta as evidências contra a suspeita de que ela tenha planejado e executado os envenenamentos.
O envenenamento afetou sete membros da mesma família, que estavam reunidos para um café da tarde. Três mulheres morreram após consumir o bolo, com intervalos de algumas horas, enquanto outras duas pessoas, incluindo a mulher que preparou o bolo, Zeli dos Anjos, foram hospitalizadas. Uma criança de 10 anos que também comeu o bolo foi liberada antes.
O QUE DIZ A DEFESA DE DEISE?
Em nota, a defesa de Deise Moura dos Anjos argumentou que as declarações feitas até o momento ainda não foram formalmente apresentadas no processo e que aguardam os documentos e provas completos para análise e manifestação jurídica.
Com informações do g1