Há alguns dias, no último domingo (20), a professora Carol Magalhães resolveu se manifestar em suas redes sociais sobre um caso de importunação sexual que sofreu durante um voo que realizava de Dubai para São Paulo. A professora da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB), relatou tudo o que ocorreu em sua viagem enquanto retornava de um trabalho no Japão. O caso ocorreu no dia 08 deste mês.
Em uma entrevista ao portal Universa.uol, Carol conta como tudo ocorreu. A mulher dividia uma fileira de três cadeiras com seu marido e o suspeito. O companheiro de Carol estava do lado da janela, ela no meio, e o acusado do lado do corredor. "Ele estava todo coberto, assistindo a um filme, quando percebi que ele estava manuseando a genitália com movimentos verticais", afirma Carol, em entrevista.
A professora conta que, algum tempo depois observando o movimento, ela entendeu do que se tratava, e imediatamente contactou seu marido que estava em seu lado oposto, dormindo. Após pedir para o mesmo ver o que estava acontecendo, ele confirmou que o outro homem estava sim se masturbando ao lado de Carol.
Sem questionar ou chamar atenção do homem, a docente conta que o marido apenas se levantou e foi até uma comissária de bordo relatar o que estava acontecendo. Após perceber um certo movimento, o homem chegou a questionar Carol sobre do que se tratava, mas ela permaneceu calada de medo. Um tempo depois, a professora e o homem também se dirigiram até a comissária. "Ele se ajoelhou e disse que era cristão. Ele negou que estivesse se masturbando, disse que estava manipulando pílulas e mostrou duas pílulas azuis", relata a professora, indignada com a resposta do passageiro, e sem acreditar em sua desculpa.
Segundo Carol, após a pequena confusão no avião, a comissária acionou um superior para tratar melhor da situação. A educadora conta que quando o funcionário chegou e tudo foi relatado, ele não acreditou em sua versão e teria ainda dado a entender que a vítima de toda a situação não era Carol, e sim o passageiro. "Disse que o rapaz se sentiu agredido por meu marido, que estava nervoso. Ele ainda perguntou ao homem se ele queria denunciar a gente para a polícia. Eu disse a ele: 'Depois do pesadelo que passei, você acolhe o rapaz? É isso mesmo?'", afirma a professora, com tristeza.
Após uma discussão o superior negligenciou a denúncia feita por Carol e seu marido, e ainda afirmou que o rapaz não estava mentido. O funcionário orientou ainda para que a educadora e seu marido mudassem de local, além de pedir para que o casal “não dirigisse a palavra ao passageiro”. "Perdi minha estrutura de maneira física e psicológica. Entrei num quadro que nós mulheres sempre entramos quando somos duvidadas, um quadro de inércia, impotência, descredibilidade", lamenta.
Carol relata que sentiu a necessidade de deixar o assunto para trás e seguir adiante, mas depois de falar com sua filha e um amigo, optou por registrar oficialmente a queixa tanto na Polícia Civil de São Paulo quanto na Emirates diretamente. A Polícia Civil de São Paulo divulgou em um comunicado que o caso foi encaminhado à Polícia Federal para que as medidas apropriadas fossem tomadas.
Em um comunicado, a companhia aérea Emirates afirmou que em seus registros não existe nenhuma denúncia de importunação sexual. "A Emirates tem como prioridade a segurança e o bem-estar de seus passageiros e todos os membros de sua tripulação são treinados para lidar com qualquer forma de comportamento inadequado a bordo. Até o presente momento a Emirates não recebeu nenhum tipo de pedido da passageira ou das autoridades brasileiras, mas permanece à disposição para fornecer qualquer informação ou esclarecimento sobre os fatos alegados", consta em nota.