Uma briga entre o goleiro Bruno Fernandes e presos, na Penitencária Nelson Hungria, onde o atleta cumpre pena, motivou uma audiência na tarde desta quinta-feira (1º), no Fórum de Contagem, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Segundo o advogado Francisco Simim, Bruno disse que detentos haviam desrespeitado Ingrid Calheiros, sua mulher, e dito palavras de baixo calão. A acusação é que o goleiro fez ameaças durante a briga, mas Bruno nega.
De acordo com a Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds), o goleiro brigou dentro da lavanderia, onde trabalhava, na Penintenciária Nelson Hungria. Na ocasião, ele foi punido com a perda do direito a banho de sol, visitas e trabalho por 30 dias, no mês de abril. No fim deste período, uma nova punição prorrogou a o castigo até dia 23 de maio por causa de denúncias de ameaças contra dois carcereiros e outros detentos.
Segundo o Tribunal de Justiça de Minas Gerais, o juiz Wagner Cavalieri ouviu Bruno Fernandes e mais duas testemunhas, que são os carcereiros que fizeram a comunicação da briga, considerada falta grave no processo. Agora, os autos estão com o Ministério Público, que vai oferecer um parecer sobre a acusação. Depois, a defesa apresenta seus argumentos.
Se o magistrado entender que houve falta, os prazos de benefícios que Bruno deve receber durante o cumprimento da pena podem ser alterados. Em março de 2013, o jogador foi condenado a 22 anos e três meses de prisão pelos crimes de homicídio triplamente qualificado, sequestro e cárcere privado de Eliza Samudio.
O advogado Francisco Simim disse à imprensa, na porta do Fórum de Contagem, que o cliente é um detento exemplar. "O Bruno é um detento que não traz problema para instituição presidiária. Ele é um preso exemplar. Mas é o Bruno, é o Bruno. Então, uns querem chegar perto. Outros querem tirar proveito da situação e fica uma situação para ele constragedora. Mas, hoje, ele está muito confiante, inclusive, sorridente hoje. E vai cumprir a pena dele com dignidade", comentou o advogado.
Bruno deixou o Fórum de Contagem às 15h50, e foi levado de volta à Penitenciária Nelson Hungria.
O caso
Eliza desapareceu em 2010 e seu corpo nunca foi achado. Ela tinha 25 anos e era mãe do filho recém-nascido do goleiro Bruno, de quem foi amante. Na época, o jogador era titular do Flamengo e não reconhecia a paternidade.
Em março deste ano, Bruno foi considerado culpado pelo homicídio triplamente qualificado, sequestro e cárcere privado da jovem. A ex-mulher do atleta, Dayanne Rodrigues, foi julgada na mesma ocasião, mas foi inocentada pelo conselho de sentença. Luiz Henrique Ferreira Romão, o Macarrão, amigo de Bruno, e Fernanda Gomes de Castro, ex-namorada do atleta, já haviam sido condenados em novembro de 2012.
O ex-policial Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, foi condenado a 22 anos de prisão. Enfrentarão júri ainda Elenílson Vitor da Silva, caseiro do sítio, e Wemerson Marques de Souza, amigo do goleiro. O julgamento está marcado para 28 de agosto.
Sérgio Rosa Sales, primo de Bruno, foi morto a tiros em agosto de 2012. Outro suspeito, Flávio Caetano Araújo, que chegou a ser indiciado, foi absolvido. Jorge Luiz Rosa, outro primo do goleiro, que era menor de idade na época da morte, cumpriu medida socioeducativa por crimes similares a homicídio e sequestro. Atualmente tem 19 anos e é considerado testemunha-chave do caso.