O cabo da Polícia Militar Marcelo Bigon, que liberou o jovem que confessou ter atropelado Rafael Mascrenhas na madrugada de terça-feira, no Túnel Acústico, na Gávea, Zona Sul do Rio, se apresentou no fim da manhã deste sábado (24) no 23º BPM (Leblon). A informação foi confirmada pela assessoria da Polícia Militar.
Ele teve a prisão administrativa determinada pelo comandante da PM, após o pai do atropelador, Roberto Bussamra, afirmar em depoimento da delegacia, que pagou R$ 1 mil para que ele e um sargento liberassem o filho após o atropelamento.
Na manhã deste sábado, foi negado pelo juiz Alberto Fraga, do plantão judiciário do Tribunal de Justiça do Rio, o pedido de prisão preventiva dos dois policiais militares. A negativa da prisão preventiva não invalida a prisão administrativa determinada pelo comandante da corporação.
O cabo será encaminhado para o Batalhão Especial Prisional, em Benfica, onde pode ficar até 30 dias preso.O sargento ainda é aguardado na Polícia Militar.
O comandante geral da Polícia Militar do Rio, coronel Mário Sérgio Duarte, havia pedido na noite de sexta-feira (23) a prisão preventiva dos policiais após tomar conhecimento do depoimento de Roberto Bussamra.
Os dois policiais atuam no 23º BPM (Leblon).
Ainda de acordo com a PM, a Corregedoria da Polícia Militar recebeu da Polícia Civil no fim da tarde de sexta-feira uma cópia do depoimento de Roberto.
Ainda de acordo com a PM, será aberto um Inquérito Policial Militar (IPM) para investigar o caso. Os dois policiais passarão por um conselho de disciplina e deverão ser expulsos da corporação.
Depoimento durou seis horas
O depoimento de Roberto Bussamra na delegacia durou seis horas. Ele contou, ainda, que após a abordagem policial, o grupo parou em um posto de gasolina na Gávea.
Ele foi chamado ao local. Os PMs exigiram R$ 10 mil para liberar os rapazes que atropelaram Rafael. Como não tinha o dinheiro na hora, Roberto Bussamra combinou de pagar a quantia na manhã seguinte, na Praça Mauá, no Centro do Rio de Janeiro.
Ao se encontrar com os policiais, ele inicalmente pagou mil reais. Mas durante o acerto recebeu um telefonema da mulher. Ela contou que a vítima do atropelamento era filho da atriz Cissa Guimarães - e que e ele havia morrido. Roberto passou mal ao receber a notícia e foi retirado do carro por um dos filhos - enquanto os policiais arrancavam com o dinheiro da propina.
O dono da oficina para onde foi levado o Siena preto do jovem após o acidente diz que por volta de 4h30 o automóvel chegou de reboque. O pai e o irmão do motorista esperaram até 8h, quando a oficina abriu. O lanterneiro disse o pai do jovem pediu pressa no conserto porque precisava trabalhar com o carro.
Em três horas de conserto, o carro chegou a ser desmontado mas não houve tempo para que as peças danificadas fossem trocadas. O dono da oficina contou que, durante o serviço, recebeu um telefonema do pai do atropelador exigindo que parasse com urgência e que depois ele entenderia o porquê e que a perícia buscaria o veículo. O mecânico disse que teria visto vestígios de pele no carro. Depois de ter parado o trabalho, ele ouviu sobre o acidente no noticiário.
Investigação
De acordo com a polícia, nenhum outro depoimento deve acontecer nesta sexta-feira (23) e no fim de semana. Os agentes pretendem usar os próximos dois dias para avançar nas investigações.
A previsão é que os policiais militares que abordaram o carro que atropelou Rafael Mascarenhas sejam chamados a depor na próxima semana, mas a data ainda não foi definida. A polícia informou ainda que dificilmente o inquérito será encerrado na próxima semana. A polícia investiga se eles tentaram ocultar vestígios de acidente no carro que matou o jovem no Túnel Acústico, que liga São Conrado à Gávea, quando ele andava de skate.