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Um cadeirante foi preso na manhã deste sábado (16) suspeito de liderar uma organização de tráfico de drogas que tem mais de cem membros e é responsável por pelo menos metade dos crimes do tipo em Planaltina, região administrativa do Distrito Federal. De acordo com a Polícia Civil, outros 32 adultos e um adolescente que têm envolvimento com o esquema também foram detidos. Com o grupo foram encontrados R$ 50 mil, celulares, uma arma e porções de crack e maconha.
O grupo é investigado desde 2009 e já foi alvo de três operações anteriormente. O delegado Pedro Luís de Moraes disse que havia uma estrutura bem-definida: o líder, que ficou cadeirante após levar um tiro em um enfrentamento com um grupo rival, contava com três coordenadores e quatro gerentes. Desses “funcionários”, dois agiam de dentro do Complexo Penitenciário da Papuda.
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Além disso, cada gerente comandava três grupos. Um deles era denominado “núcleo de ataque”, responsável pela defesa do território e morte de rivais. O segundo, “núcleo de crime diversos”, cujos membros ficavam nas bocas de fumo e cometiam os roubos. O terceiro era formado pelos traficantes de fato.
“O líder era responsável por passar ordens de comando, traçar quais as regras de conduta e as leis. Ele já não mais traficava diretamente, ele não colocava a mão na massa, por assim dizer. Os coordenadores eram o elo entre o líder e os gerentes. Os gerentes já comandavam os executores”, explicou.
A maioria dos suspeitos morava e atuava na Vila Buritis II, mas também agia no restante de Planaltina, Sobradinho e Entorno. “A gente conseguiu vislumbrar aqui uma estrutura. Tem divisão de tarefas muito bem delineadas, tem um ramo específico, tem um território próprio”, completou o delegado.
De acordo com Moraes, o grupo se autodenominava “Crime, Maldição e Morte” e “Gangue do Pombal”. Também estava entre as práticas dos suspeitos ameaçar outros traficantes e a população, além de “ostentar poder”.
“Eles passavam mensagens por Whatsapp ou Facebook ameaçando rivais e população. Agiam com arrogância”, afirmou o policial. “Para você ter ideia, de 2014 até agora houve 276 homicídios ou tentativas em Planaltina. Desse total, 108 foram só deste grupo.”
As prisões ocorreram por meio da Operação Tec-9. Foram mobilizados dez delegados, dez escrivães e cerca de 200 agentes de polícia. As equipes usaram helicópteros e cães nas atividades. Ninguém se feriu durante a ação.
“Não houve resistência à prisão. Eles têm costume de enfrentar, mas hoje foram surpreendidos”, disse Moraes.
Atuação e reincidência
Dos presos, 22 já haviam sido condenados por crimes do tipo e alguns agiam atualmente de dentro da cadeia. “O meio de se ganhar dinheiro, a renda que eles obtêm, é principalmente do tráfico. Eles também cometem furtos e roubos”, explicou o delegado.
“Quando querem cometer um homicídio contra um rival, vão longe, roubam um carro e comentem o crime. Fazem isso para não usar o que eles têm”, completou.
Os presos vão responder por organização criminosa, que tem pena prevista de até oito anos de prisão. A polícia tenta ainda encontrar os outros envolvidos com o grupo – dos cem, 81 já foram identificados.
“A investigação aqui está encerrada. O que a gente vai fazer agora é tentar prender os outros integrantes e sufocar, realmente, essa organização aí, para que ela não se reorganize”, afirmou Moraes. “Eu acho que isso aqui [tráfico de drogas] é uma pena. Dá nojo.”