O cantor sertanejo Ademir Cândido Franco Barreiros, preso em Comodoro, distante 677 quilômetros de Cuiabá, usava nome falso há quase 10 anos, conforme revelou a Polícia Civil de Mato Grosso. Ele ficou conhecido nacionalmente por suspeita de furtos a joalherias em vários estados e, ainda segundo a polícia, confessou que adotou o nome do irmão Altair Lelis Barreiros, assassinado em um garimpo há alguns anos.
O delegado de Comodoro, Vinícius Prezoto, confirmou ao G1 que o cantor foi preso na quinta-feira (10) por falsidade ideológica e uso de documentos falsos. Ademir, que se passava por Altair, formava a dupla sertaneja Dudu di Valença e Rodrigo, juntamente com outro irmão chamado Altemir. De acordo com a polícia, os irmãos já teriam furtado ao menos 25 joalherias em todo o país.
O delegado contou que havia um mandado de prisão em aberto contra Ademir, expedido pela Justiça do município de Cacoal (RO), por receptação, em 23 de outubro de 2008. Ainda segundo Prezoto, a polícia recebeu a informação de que o cantor estava na cidade de Comodoro e estava fazendo uso de documentos falsos. ?Sabíamos do mandado de prisão em aberto e tínhamos uma informação de que o suspeito tinha alguma ligação com o mandado. Inicialmente ele se apresentou como Altair e mostrou os documentos que comprovavam o nome. Porém, no momento em que estava sendo interrogado, ele entrou em contradição e confessou que usava o nome do irmão falecido para fugir da prisão?, revelou ao G1.
Ainda conforme o delegado, Ademir contou durante o depoimento que o irmão Altair Lelis morreu em um garimpo e como não foi feita certidão de óbito, ele refez toda a documentação como RG, CPF e carteira de habilitação, no nome do irmão. Isso tudo, segundo a Polícia Civil, utilizando a certidão de nascimento do falecido.
?Ele vinha tendo uma vida normal utilizando os documentos. Por todos os lugares onde passou e respondeu criminalmente, está registrado como Altair Lelis Barreto. A documentação é original, mas a base [certidão de nascimento] que não é?, apontou o delegado ao ressaltar também que o veículo apreendido com o cantor também foi financiado no nome do irmão morto.
O investigador Leandro Mathias Garcia, que realizou a prisão, disse também que no início desse ano, quando o cantor foi preso, Ademir usava documentos falsos. ?Quando ele foi preso em maio, ele já estava usando o nome do irmão e acho que ninguém percebeu que os documentos eram falsos?, salientou.
Ademir Cândido está detido na cadeia pública municipal de Comodoro e disse à polícia que morava com esposa e filhos em Rondonópolis, a 218 km de Cuiabá. O advogado Juarez Vasconcelos, contratado pelo suspeito no município de Comodoro, confirmou ao G1 que seu cliente confessou o crime de falsidade ideológica e alegou que ele não é uma ameaça à sociedade. ?É contra a fé pública, porém, não é uma ameaça a ninguém", justificou o advogado.
Outras prisões
Os integrantes da dupla sertaneja já foram presos em maio deste ano suspeitos de furtar joalherias em vários estados brasileiros. De acordo com a polícia, eles escolhiam os alvos pela internet e já teriam furtado ao menos 25 joalherias em todo o país. Em um dos casos, acabaram filmados por câmeras de segurança e as fotos deles foram distribuídas a várias joalherias do interior do estado de São Paulo.
O advogado Juarez Vasconcelos contou que o cantor Ademir, que tem 42 anos, atualmente está em carreira solo e era o "Rodrigo" na dupla Dudu di Valença e Rodrigo. Segundo a defesa, Ademir estava há quatro dias em Comodoro para vender seu CD pela cidade e iria, na próxima semana, para Rondônia.
A dupla Dudu de Valença e Rodrigo surgiu em 1997 quando Ademir convidou o irmão Altair Lelis Barreiros para cantar juntamente com ele.