Caso Eloá: Advogado nega simulação e diz que Nayara tem todos os motivos para chorar

Na segunda-feira, a defensora acusou Nayara de simular o choro e mentir em seu depoimento.

Sobrevivente do caso, Nayara depôs ontem no Fórum de Santo André. | Futura Press
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O advogado Marcelo Augusto de Oliveira, que representa a família da estudante Nayara Rodrigues, baleada no rosto durante o cárcere privado da amiga Eloá Pimentel, morta em 2008, criticou nesta terça-feira a declaração da advogada de Lindemberg Alves Fernandes, Ana Lúcia Assad. Na segunda-feira, a defensora acusou Nayara de simular o choro e mentir em seu depoimento, no primeiro dia do julgamento do caso, que acontece no Fórum de Santo André, no ABC paulista.

"Eu diria que ela estava bem orientada, até simulou um choro. Mas isso faz parte. Ela não tinha compromisso com a verdade", disse ontem a advogada. "Repudiamos essa declaração sobre ela ter chorado ou mentido. Ela tem todos os motivos do mundo para chorar, ela quase perdeu a vida, mas ela não chorou. E, se ela chorou, ela (a advogada de Lindemberg) que prove que foi forçado", rebateu o advogado. Para o representante da estudante, a acusação de Ana Lúcia foi uma "ofensa à honra" de Nayara.

"Vamos estudar as medidas cabíveis", afirmou. Na avaliação do advogado, o depoimento da amiga de Eloá foi "coerente com tudo o que ela já havia declarado". Além de Nayara, a Justiça ouviu na segunda-feira os depoimentos dos estudantes Iago Vilela e Victor Lopes, que foram feitos reféns no primeiro dia do cárcere privado, e o sargento da Polícia Militar Atos Valeriano, um dos que conduziu a negociação com Lindemberg.

Nesta terça, a Justiça deve ouvir ainda o irmão mais velho de Eloá, Ronickson, e outras 10 testemunhas convocadas pela defesa, entre elas a mãe da estudante, Ana Cristina, e o irmão mais novo, Douglas.

O mais longo cárcere de SP

A estudante Eloá Pimentel, 15 anos, morreu em 18 de outubro de 2008, um dia após ser baleada na cabeça e na virilha dentro de seu apartamento, em Santo André, na Grande São Paulo. Os tiros foram disparados quando policiais invadiam o imóvel para tentar libertar a jovem, que passou 101 horas refém do ex-namorado Lindemberg Alves Fernandes.

Foi o mais longo caso de cárcere privado no Estado de São Paulo. Armado e inconformado com o fim do relacionamento, Lindemberg invadiu o local no dia 13 de outubro, rendendo Eloá e três colegas - Nayara Rodrigues da Silva, Victor Lopes de Campos e Iago Vieira de Oliveira.

Os dois adolescentes logo foram libertados pelo acusado. Nayara, por sua vez, chegou a deixar o cativeiro no dia 14, mas retornou ao imóvel dois dias depois para tentar negociar com Lindemberg. Entretanto, ao se aproximar do ex-namorado de sua amiga, Nayara foi rendida e voltou a ser feita refém.

Mesmo com o aparente cansaço de Lindemberg, indicando uma possível rendição, no final da tarde no dia 17 a polícia invadiu o apartamento, supostamente após ouvir um disparo no interior do imóvel. Antes de ser dominado, segundo a polícia, Lindemberg teve tempo de atirar contra as reféns, matando Eloá e ferindo Nayara no rosto. A Justiça decidiu levá-lo a júri popular.

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