O 1º Tribunal do Júri do Rio de Janeiro condenou, nesta sexta-feira (14), Fábio Pirineus da Silva e Aleson Cristiano de Oliveira Fonseca pela morte de Moïse Kabagambe, um refugiado congolês. Ambos foram sentenciados por homicídio triplamente qualificado — por motivo torpe, meio cruel e sem chance de defesa da vítima.
Aleson recebeu uma pena de 23 anos, 7 meses e 10 dias de reclusão, enquanto Fábio foi sentenciado a 19 anos, 6 meses e 2 dias. Ambos devem cumprir a pena em regime fechado.
A MORTE DE MOÏSE
Moïse, de 24 anos, foi brutalmente agredido até a morte em janeiro de 2022, enquanto trabalhava em um quiosque na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro. De acordo com as investigações, ele levou cerca de 40 pauladas após cobrar o pagamento de diárias atrasadas. A agressão foi motivada por um desentendimento relacionado ao seu trabalho.
IMPACTO NA FAMÍLIA DE MOÏSE
Durante o julgamento, a mãe e os irmãos de Moïse, que são refugiados políticos do Congo, acompanharam com grande emoção a leitura das sentenças. A família, que vive no Brasil há quase 11 anos, ficou abalada ao ver imagens das agressões, que foram exibidas no tribunal. Em seu discurso, o juiz Thiago Portes destacou o fato de que Moïse havia fugido da guerra no Congo, em busca de uma vida digna no Brasil, mas encontrou crueldade e violência.
REAÇÕES À SENTENÇA
Após a leitura da sentença, a família de Moïse expressou satisfação com a decisão. A mãe de Moïse, Yvone, afirmou emocionada: "Meu coração está tremendo, mas tremendo de feliz. Estou muito feliz com o dia de hoje, a justiça de hoje". Maurice, irmão da vítima, também comentou: "Tivemos a resposta que esperávamos há dois anos. Moïse não era um bêbado, não era um drogado. Ele era um trabalhador, e não merece o que fizeram com ele." O promotor Bruno Bezerra também se manifestou sobre a decisão: "O resultado é o tipo de sociedade que queremos, onde a brutalidade não é a resposta para as questões humanas."
IMAGENS DA AGRESSÃO E FOTO POLÊMICA
Durante o julgamento, foi exibido um vídeo em que Fábio Pirineus aparece tirando uma foto de Moïse imobilizado e sem reações, após as agressões. A imagem chocou a família e os presentes no tribunal. No vídeo, Brendon Alexander, o terceiro réu no caso, ainda não julgado, aparece com Moïse já desacordado, imobilizado no chão. Fábio se aproxima e tira a foto enquanto Brendon faz um gesto de hang loose.
PRÓXIMOS PASSOS
Brendon Alexander, que também é réu no caso, aguarda o julgamento em outro processo. Ele ainda deve passar por um recurso no Superior Tribunal de Justiça (STJ). A defesa dos réus Fábio e Aleson confirmou que irá recorrer da decisão, mas se absteve de comentar publicamente o veredito.