A Controladoria-Geral da União (CGU) encontrou indícios de despercídio e falta de planejamento generalizados na compra de passagens aéreas pelo governo, um tipo de despesa que vem crescendo desde o início da gestão Dilma Rousseff e já consumiu R$ 1,2 bilhão. Uma amostra de 49,5 mil bilhetes emitidos para servidores e autoridades foram analisados. No levantamento, os auditores descobriram que a maioria dos órgãos federais adquire os voos a preços inflados e com pouca antecedência.
Entre os trechos do segundo semestre de 2011 analisados pelo Observatório da Despesa Pública, braço da CGU que monitora como o governo faz determinados pagamentos, estão os três mais requisitados do País (Brasília-São Paulo, Brasília-Rio e Rio-São Paulo). As informações foram publicadas no jornal O Estado de S. Paulo.
Segundo o levantamento, por exemplo, no trecho Brasília-São Paulo, com 18,1 mil voos, as distorções nos preços alcançam 155%. A aquisição a valores mais altos é uma conduta padrão: neste trecho, nada menos que 49 dos 62 órgãos pesquisados gastaram ao menos 50% mais, em média, que o Turismo. Para a CGU, afora a sazonalidade dos preços e a necessidade de compras emergenciais, a falta de gestão e de planejamento tem turbinado os gastos com passagens. Embora uma portaria do Ministério do Planejamento determine que as compras sejam feitas ao menor preço e que os voos sejam registrados com antecedência mínima de 10 dias no Sistema de Concessão de Diárias e Passagens, o levantamento mostra que 85% dos órgãos emitem os bilhetes em prazo menor. Aquisições de última hora só são admitidas em caráter excepcional, desde que autorizadas pela autoridade máxima do órgão em questão. O objetivo é justamente evitar a gastança, pois, em geral, os valores disparam às vésperas da decolagem.