Com ações na justiça, blogueiro polêmico é encontrado morto

Mosquito era um dos movimentadores da opinião pública na região

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Será enterrado às 15h desta quarta-feira, no cemitério do bairro Itacorubi, em Florianópolis, o corpo do blogueiro Amilton Alexandre, titular do blog Tijoladas do Mosquito, como era chamado. Mosquito foi encontrado morto em sua casa em Palhoça, na Grande Florianópolis, no fim da tarde de terça-feira. A polícia investiga o caso, mas há indícios de que ele tenha cometido suicídio.

Mosquito era um dos movimentadores da opinião pública na região e ganhou inimigos devido às críticas e denúncias postadas em seu blog. Era parte em mais de 30 ações que correm na Justiça catarinense e em pelo menos 13 delas aparece como réu. A maior parte dos processos aos quais ele respondia eram por calúnia, difamação ou pedidos de indenização por danos morais. Entre as vítimas aparecem empresários e políticos influentes, como a ministra das Relações Institucionais Ideli Salvatti.

Um de seus alvos no blog era o prefeito de Florianópolis, Dário Berger, que movia uma ação penal privada contra o comunicador. Em audiência desse caso no mês passado, Mosquito foi advertido com um termo de prisão em flagrante por proferir ofensas ao prefeito durante a sessão. Entre as polêmicas, ele também denunciou um caso de estupro envolvendo adolescentes de famílias tradicionais da capital catarinense, um deles o filho de um empresário da comunicação.

Na semana passada o Tijoladas do Mosquito saiu do ar por determinação judicial. "Tanta dedicação ao blog levou-me a um isolamento familiar, com oposição a minha atividade, problemas de saúde e outras dificuldades. Nas últimas semanas acusei o nocaute. Não tenho mais como enfrentar as ameaças e retaliações pelo que publico. É sensato dar um tempo", escreveu Amilton.

Admitindo que passou dos limites em algumas situações, o blogueiro disse que tentaria reestruturar sua vida partindo para uma "atividade menos tensa" e começaria a dar mais atenção a si mesmo. Deixou o link do Canga Blog para que seus leitores pudessem continuar acompanhando o "arsenal de maldades dos políticos".

O jornalista Sérgio Rubim, responsável pelo Canga Blog, foi um dos primeiros a postar informações sobre a morte de Amilton. Nesta quarta-feira, Rubim escreveu que Mosquito era uma pessoa solitária e seu contato com a maioria das pessoas era virtual. "Ele já vinha há dias mandando sinais de que pretendia dar cabo da vida. Sozinho, sem dinheiro, com o seu blog fechado pela Justiça, estava deprimido e parecia não encontrar saída para o fosso em que se meteu."

Rubim ainda mencionou que em uma mensagem a um amigo em comum, Mosquito teria postado no Twitter: "O circulo está se fechando. Não vejo mais saída. Acho que vou me matar!". "O Mosquito foi um fenômeno incrível em termos de mobilização de opiniões, se transformou em porta-voz da grande maioria das pessoas revoltadas com os crime cometidos por políticos, desembargadores, agentes do Ministério Público, juízes e conselheiros do Tribunal de Contas que eram incessantemente denunciados e escrachados no Tijoladas do Mosquito", escreveu.

Além de defini-lo como "agitador cultural", em sua nota de pesar, o Sindicato dos Jornalistas de Santa Catarina lembrou que Mosquito atuou na Novembrada, durante a ditadura militar e mencionou que "a sociedade perde um defensor da democracia e da cidade e fica mais pobre com a saída de cena de um importante personagem da sua história".

Investigação

O secretário de Segurança Pública do Estado, César Grubba, solicitou que a morte do blogueiro seja investigada. Mas a polícia está convicta de que Mosquito se matou. Quando a perícia e os investigadores chegaram à sua casa, num bairro nobre de Palhoça, não havia sinais de que outra pessoa tivesse estado ali.

De acordo com o investigador Rangel Truppel, tudo indica que Amilton Alexandre usou uma corda feita com lençóis, conhecida como Tereza, para se enforcar. Em prendeu uma das extremidades no teto da casa, a outra no pescoço, subiu numa cadeira e pulou dela. Apesar disso, as investigações continuam até que seja expedido o laudo cadavérico, que apontará a causa da morte.

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