Um tenente-coronel do Exército responde a um processo por abuso sexual contra recrutas em Marabá (PA). Segundo denúncias de soldados feitas em 2009, eles eram obrigados a fazer sexo com o superior para continuar na carreira militar.
O inquérito policial aberto contra o oficial aponta que ele levava recrutas para a praia do Lençol, onde promovia orgias. Imagens mostram o coronel e outros soldados vestidos de mulher durante uma festa.
No processo, os soldados contam que foram assediados pelo oficial. Um deles afirma ter visto o tenente-coronel beijando a boca de outro soldado. Durante depoimento, ele negou as acusações a afirmou que ?nunca beijou na boca de ninguém?.
O suspeito, que na época das primeiras denúncias era major, foi promovido no último ano a tenente-coronel e hoje é diretor do hospital militar de Marabá.
Procurado pela reportagem, o comando do Exército na região confirmou que um inquérito policial militar foi aberto para apurar as denúncias, mas que durante as investigações nenhuma prova que incriminasse o coronel foi encontrada. Segundo o assessor de imprensa do Exército, por isso, o caso foi arquivado.
No entanto, quase um ano depois de o tenente-coronel ter sido inocentado das acusações, ele é alvo de novas denúncias. Soldados subordinados ao oficial garantem que os abusos continuam a ser cometidos no hospital.
Para muitos jovens da região, as Forças Armadas são a única opção para conseguir um salário e uma carreira. Um recruta recebe, em média, um salário de R$ 600 por mês. Um dos soldados que afirma ter sofrido os abusos conta que quem não participa das orgias do tenente-coronel, não permanece no Exército.
- Isso machuca. Lembrar que eu quebrei parede no quartel, eu fiz trabalho pesado. Eu trabalhei até fora do horário pra poder conseguir essa vaga. E aparece uma pessoa querendo fazer mal pra você e te tira tudo, entendeu? Tira tudo em questão de segundos. Eles destroem a sua vida. É difícil cara, ao invés de ajudar eles fazem afundar mais ainda a gente no abismo.
As denúncias feitas pelos ex-soldados foram consideradas sem fundamento pela Justiça Militar. Eles foram dispensados porque não possuíam bom desempenho.