O Piauí é um grande corredor para o tráfico de drogas. Por aqui passam milhões de reais da substância, que é considerada o "ouro branco" dos traficantes internacionais. Para se ter ideia de como esse mercado é milionário, apenas durante o mês de fevereiro de 2022, a Polícia Rodoviária Federal apreendeu mais de R$17,59 milhões em drogas.
Em operações realizadas nas cidades de Alegrete, Bom Jesus, Floriano e Parnaíba foram apreendidos 115,45 kg de cocaína, dividido em dezenas de tabletes e mais de 1.500 papelotes. As apreensões mostram que o lucrativo mercado da droga vale o risco de ser preso.
Mercado consumidor
O perfil das pessoas apreendidas é o mesmo: mulas. Pessoas de outras regiões do país trazem a droga para redistribuir para o Nordeste e o mundo, usando as estradas piauienses para isso.
O PRF Leandro Caldas explica que o Piauí é um grande mercado consumidor de drogas, além de corredor para mercados maiores. "Ceará, Rio Grande do Norte, Pernambuco, Paraíba e Maranhão e para exportação para regiões como a Europa e a África, por exemplo", revela.
A droga mais exportada é a cocaína. "Uma pequena parte fica no Piauí para consumo interno e a maior parte passa por esse 'corredor'. Essa droga vem, geralmente, do Peru, Colômbia e passa pelo Piauí para chegar ao destino final", acrescenta.
Um vício muito perigoso
P.A.V., de 33 anos, é um viciado em cocaína. Ele não consome a droga há 9 anos, mas a vontade não passa. "É uma luta diária que depende de muito controle emocional. É preciso criar estratégias para driblar a vontade. Hoje em dia não trisco nem em álcool ou cigarro porque uma coisa puxa a outra. Para você ter ideia, nem café eu tomo, porque puxa o cigarro. Que puxa a vontade de beber. Que puxa a vontade de cheirar", conta.
A decisão de parar foi repentina.
"Eu já não tinha mais nem televisão na sala quando pensei em fumar crack porque era mais barato. Quando trouxe para casa que fumei, perguntei a mim mesmo o que estava fazendo da minha vida. Pedi ajuda aos meus avós. Fui internado em Fortaleza e hoje sou restaurado em cristo", lembra.
Cocaína: forte estimulante leva a atos impulsivos
A cocaína é um forte estimulante que aumenta o estado de alerta, causa euforia e faz com que a pessoa se sinta poderosa. "O cérebro do usuário de cocaína é embotado, muito pobre em termos de estímulos. Isso ajuda a entender alguns de seus atos tomados por 'impulsos', pois quando estão sob efeito elas não pensam muito, gastam dinheiro demais e muitas vezes se tornam violentas", explica Ana Carolina Mastrangelo, psicóloga da Fazenda da Paz.
Como os efeitos da cocaína costumam durar somente por pouco tempo, os usuários podem injetar, fumar ou cheirar a cada 15 ou 30 minutos.
Meu filho usa cocaína?
O desespero de muitos pais é saber se os filhos são usuários de drogas como a cocaína. De acordo com a psicóloga Ana Carolina Mastrangelo, o primeiro sintoma é a mudança de comportamento e humor. "Além de amizades ou companhias diferentes e que antes não pertenciam ao seu círculo social", aconselha.
Mudanças na rotina, alimentação, alteração no sono, o semblante de um dependente químico também costuma refletir o abuso de drogas. "Olhos vermelhos, inchados ou mucosas do nariz irritadas também são indícios do uso de substâncias químicas", acrescenta.
Tratamento
O tratamento de alguém viciado na droga pode ser através de uma intervenção de emergência com sedativos, tratamento para desintoxicação e reabilitação. "A abstinência do uso prolongado de cocaína requerer monitoramento atento, pois a pessoa pode apresentar um quadro depressivo e ideação ou tentativa de suicídio", acrescenta.
A cocaína pode levar ao crack.
"A cocaína quando fervida com bicarbonato de sódio, ela é convertida em uma forma de base livre chamada crack, costuma ser mais barata e seu efeito no organismo é mais rápido, por esses motivos a procura pelo consumo do crack tem aumentado cada vez mais", alerta.
Fazenda da Paz
A boa notícia é que é possível vencer o vício.
"O programa terapêutico oferecido pela Fazenda da Paz é constituído por atividades que auxiliam o dependente químico a desenvolver estratégias para conquistar a sobriedade e evitar recaídas futuras. Essas atividades envolvem terapias de grupos, acompanhamento pela equipe multidisciplinar, acompanhamento espiritual, inscrição em cursos profissionalizantes e elevação da escolaridade. Também é necessária uma rede de apoio, principalmente da família", finaliza.