O laudo necroscópico sobre a morte do executivo da Yoki aponta que os cortes dos membros superiores e inferiores de Marcos Matsunaga têm características diferentes, reforçando suspeita de que, além de Elize Matsunaga, ao menos mais uma pessoa teria participado do esquartejamento.
No documento, o médico-legista Jorge Pereira destaca que ?as secções apresentam características praticadas por pessoa ou pessoas com noções de anatomia?. No entanto, o perito identifica imprecisão nos cortes feitos nos membros superiores de Marcos, indicando que o responsável por essas secções não teria conhecimento da anatomia do local. Diz o laudo: ?As secções em raízes de membros superiores apresentam retalhos de pele, indicando dificuldade ou desconhecimento anatômico da região?.
A contradição chamou a atenção do promotor do caso, José Carlos Cosenzo, que não descarta a hipótese de Elize ter sido ajudada em maio passado durante o esquartejamento e a ocultação dos pedaços do corpo do marido, espalhados por uma estrada na região de Cotia, na Grande São Paulo.
? Não tenho prova para dizer que havia outra pessoa, mas tenho indícios, ou seja, uma fumaça de que poderia haver outra pessoa.
Ele adiantou que vai convocar o perito para que ele explique, em juízo, as considerações feitas no laudo.
O representante do Ministério Público enfatiza que, até o momento da morte do empresário, não há dúvidas de que Elize agiu sozinha. Ele ainda cogita a possibilidade de a bacharel em direito e ex-garota de programa ter recebido ajuda na hora de encaminhar e-mails para familiares de Marcos.
? Vários e-mails foram encaminhados no sentido de tentar despistar a autoria ou mostrar que ele [Marcos] poderia ter sido sequestrado ou desaparecido.
Cosenzo explica que, mesmo se o perito confirmar que Elize teve ajuda na hora de esquartejar o marido, somente a acusada responderá pelo crime, caso não seja identificado o segundo suspeito.
Ainda conforme o laudo, Marcos estava vivo quando foi degolado e teve os braços cortados. De acordo com o documento, as ?secções na região cervical e raízes dos membros superiores? apresentavam ?reação vital?. Já as ?secções em região abdominal e joelhos direito e esquerdo? não indicaram ?sinais vitais?.
O laudo necroscópico provocou uma reviravolta no caso, porque colocou em xeque a versão apresentada por Elize durante interrogatório. À polícia, ela contou que, após atirar em Marcos, deixou o corpo dele por dez horas no quarto de hóspedes, antes de começar a cortá-lo, o que segundo a mulher, só aconteceu depois da morte do marido. Segundo a perícia, a afirmação não era verdadeira, porque Marcos chegou a aspirar o sangue em decorrência da decapitação.
Elize está presa desde 5 de junho. Ela foi denunciada pela Promotoria por homicídio doloso (quando há a intenção de matar) triplamente qualificado ? motivo torpe, forma cruel e sem chance de defesa à vítima. A mulher responderá ainda por ocultação de cadáver.