O senador Magno Malta, presidente da CPI da Pedofilia, afirmou nesta quarta-feira (28) que convocou o padre José Afonso Dé, de 74 anos, suspeito de abusar sexualmente de adolescentes, e suas supostas vítimas para serem ouvidos pela Comissão Parlamentar de Inquérito. O pároco foi denunciado pelo Ministério Público na terça (27) por molestar oito coroinhas e ex-seminaristas em Franca, a 400 km de São Paulo, e Carpinópolis, interior de Minas Gerais, em 2010, 2009, 2001 e 1995. Alguns dos denunciantes têm idades entre 12 e 16 anos.
?Ele [Padre Dé] vai ser ouvido. Vai ser convocado hoje [quarta]. A presença dele é obrigatória. Também convidamos todas as vítimas a participar da CPI?, afirmou o senador Magno Malta por telefone ao G1. O parlamentar disse que a data e o local dos depoimentos ainda não foram definidos. ?Existe a possibilidade que ele ocorra em Brasília ou mesmo em Franca. Vamos estudar o que será melhor.?
De acordo com o parlamentar, existe a possibilidade de se pedir uma acareação entre o padre Dé e as supostas vítimas. A CPI da Pedofilia foi criada para combater crimes sexuais contra crianças e adolescentes. O advogado do padre, Eduardo Caleiro Palma, foi procurado no início da tarde para comentar o caso, mas não foi localizado.
A Polícia Civil havia indiciado o pároco pelos crimes de estupro de vulnerável (no caso dos menores de 14 anos) e atentado violento ao pudor mediante fraude (para as supostas vítimas acima de 14 anos).
Nos depoimentos, as vítimas relataram que o sacerdote as beijava e tocava em seus órgãos sexuais na sacristia e na sua casa. Dé nega as acusações. ?Eu sou inocente?, disse. Mesmo assim, o sacerdote foi afastado pelo bispo de Franca de suas funções na paróquia onde celebrava missas.
O juiz Vagner Carvalho Lima deverá analisar a denúncia feita pelo promotor José Lourenço Alves e informar nos próximos dias se aceita ou não a acusação contra o padre. Caso a receba, o juiz determinará a citação do acusado, que então terá que apresentar sua defesa por escrito em dez dias.
Caso seja condenado, o padre pode pegar pena de entre 6 e 20 anos, reduzida à metade por ele ter mais de 70 anos. O caso chegou à Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) em meados de março, após denúncia ao Conselho Tutelar do município. Há relatos de outras vítimas, ex-seminaristas que teriam sido abusados desde 1995.