Pode chegar a 20 o número de crianças que foram vítimas de abusos sexuais por parte de um vizinho, no Conjunto Jereissati II, em Pacatuba (Região Metropolitana de Fortaleza). Ontem, a Polícia tomou o depoimento das crianças que foram molestadas e a delegada Ivana Timbó, titular da Delegacia de Combate aos Crimes de Exploração da Criança e do Adolescente (Dececa), recebeu novas queixas. Ela trabalha para obter da Justiça a prisão preventiva do acusado. O nome dele é mantido em sigilo.
?A gente vai só namorar um pouquinho, não precisa contar a ninguém. Não conte à sua mãe, senão eu a mato sentada na calçada?. Sob esta ameaça, um dos meninos molestados, de apenas seis anos, contou como foi ameaçado para guardar segredo do que seria o pior acontecimento de sua pouca experiência de vida. Por sorte dele e de outras crianças, o garoto não se sentiu intimidado ao conversar com a tia.
?Notei que ele estava andando diferente, não conseguia sentar, cuspia muito, como se tivesse nojo da própria boca. Conversei sério e ele acabou contando sobre os abusos sexuais que vinha sofrendo. Ele tinha medo de falar para a mãe, por causa da ameaça. Mas como o acusado não fez ameaças contra mim ele achou que não havia perigo em me dizer?, diz a mulher, que encabeçou a denúncia contra o mais recente caso de pedofilia descoberto em Pacatuba.
O garoto é uma das 20 crianças já identificadas que passaram pela casa do homem de 42 anos que está foragido. Todas as famílias pedem socorro. ?Ele estava muito assustado, ainda chora quando falamos no assunto. Não quer ir para o colégio com vergonha dos coleguinhas, depois que o caso veio a tona?, lembra a tia do menino de seis anos.
Famílias
Foi esta mulher quem resolveu procurar pais de outras crianças da mesma faixa etária, daquela região, para conhecer a dimensão do problema. Ontem pela manhã, nove famílias apareceram na Dececa para que as crianças prestassem depoimentos.
As vítimas que já foram identificadas têm, segundo a Polícia, entre seis e 13 anos de idade. Ontem pela manhã duas meninas também foram ouvidas. Uma delas, de 13 anos, contou ao pai que uma amiga a havia chamado para ir até a casa daquele homem. Ele lhe daria três reais. ?Ela não foi. Mas como me contou, me senti na obrigação de vir com ela na delegacia. Todos temos que nos unir contra essa violência.?