Criminosos investem em poder bélico para dominar cidades; saiba como agem

Os bandidos combinam explosivos com drones para atacar bancos, empresas de valores e cooperativas de crédi

Várias viaturas policiais foram acionadas para interceptar criminosos | Divulgação/Polícia Militar
Siga-nos no Seguir MeioNews no Google News

O assalto à empresa de transporte de valores Brink's em Confresa, Mato Grosso, no domingo do Dia das Mães, revelou um fenômeno conhecido como "novo cangaço". Esse termo foi cunhado em referência ao bando liderado por Virgulino Ferreira da Silva (1898-1938), o Lampião, que invadia e saqueava vilarejos no Nordeste durante a primeira metade do século XX. 

De acordo com especialistas, esse tipo de crime evoluiu significativamente nos últimos anos. Agora, não se trata mais apenas de explodir agências bancárias e caixas eletrônicos em pequenas cidades do interior, com pouca presença policial. O novo cangaço é considerado uma ameaça à segurança nacional.

Segundo especialistas, o novo cangaço está relacionado à dominação de cidades, onde os criminosos subjugam a população e impõem submissão às forças policiais que não dispõem de armamentos pesados em quantidade e alcance semelhantes, bem como de veículos potentes e blindados, além do uso de drones. 

Os bandidos combinam explosivos com drones para atacar bancos, empresas de valores e cooperativas de crédito. As quadrilhas visam não apenas qualquer cofre, mas aqueles que contêm grandes somas de dinheiro no dia e horário planejados.

Segundo especialistas, os criminosos investem mais de R$ 1 milhão na infraestrutura dos ataques, o que inclui armas, transporte, hospedagem, mapeamento e vigilância.

"Trata-se de uma ação profissional cujo objetivo é dissuadir a força policial. Eles dominam a cidade para impedir a ação das forças de segurança", diz o procurador Lucas Gualtieri, coordenador do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público Federal de Minas Gerais.

No caso do ataque em Confresa, cidade com 30 mil habitantes, estima-se que a movimentação e os aparatos usados pelos cerca de 30 homens tenham custado cerca de R$ 2 milhões. Antes de atacar a Brink's, os criminosos renderam os policiais e atearam fogo no quartel da PM e em um carro do Corpo de Bombeiros.

O professor de Ciências Policiais e Segurança Multidimensional da Escola de Magistratura Federal do Paraná, Ricardo Matias Rodrigues, destaca que o domínio de cidades é um fenômeno criminoso exclusivo do Brasil. Ele alerta que, se esses criminosos não forem combatidos de forma eficaz, as táticas violentas podem se espalhar não apenas pelo Brasil, mas também para países vizinhos, se tornando uma nova tecnologia criminosa usada para diferentes fins. 

Já foi registrado pelo menos um caso de domínio de cidade para o ataque à sede de uma mineradora de diamantes em Nordestina, na Bahia, em 2017. A Mina Braúna, alvo do ataque, é a maior da América Latina.

Carregue mais
Veja Também
Tópicos
SEÇÕES