O dono da lotérica "Esquina da Sorte" e a funcionária que esqueceu de registrar a aposta do bolão da Mega-Sena, em Novo Hamburgo (RS), foram indiciados, nesta terça-feira (23), pelo crime de estelionato. O delegado responsável pelo inquérito policial, Clóvis Nei da Silva, informou ao G1 que remeteu o processo à Justiça Federal.
Um grupo de moradores de Novo Hamburgo reclama a participação em um bolão e ter acertado os números sorteados no concurso 1.155 da Mega-Sena. No entanto, a Caixa Econômica Federal informou que não houve apostas vencedoras do prêmio principal nesse concurso.
Segundo o delegado, o que mais pesou na decisão pelo indiciamento por estelionato foi a venda do bolão em si. "Só isso já caracteriza a má-fé. O dono da lotérica já recebe da Caixa para fazer o registro das apostas e mesmo assim ele tinha um lucro muito maior com a venda das cotas de bolão."
Silva explicou ainda que o dono do estabelecimento pagava R$ 132 pelo jogo do bolão, mas vendia 40 cotas por R$ 11. "Ele arrecadava um total de R$ 440 e lucrava R$ 308 além do que recebia oficialmente pela Caixa."
A Caixa Econômica Federal (CEF) revogou a permissão da lotérica "Esquina da Sorte" de funcionar como concessionária de loteria. O dono da lotérica disse à polícia que a funcionária do estabelecimento esqueceu de registrar a aposta.
O delegado informou que os dois vão responder ao processo em liberdade. "Ouvi 35 vítimas diretas, o dono da lotérica, cinco funcionários do estabelecimento e outras quatro testemunhas. Não achei necessário pedir a prisão preventiva dos dois indiciados pelo fato de terem aparecido em todas as instâncias da investigação", afirmou Silva.