Valdirene Fernandes, mãe de Flávio Augusto, 14 anos, um dos jovens assassinados em Luziânia (GO), defendeu nesta quinta-feira leis mais duras para crimes sexuais. "As leis têm que ser revistas. Como disse uma médica, não existe ex-estuprador, ex-pedófilo, essa pessoa tem que ficar presa pra sempre". Ela foi uma das mães de Luziânia presentes à audiência pública na Comissão de Constituição e Justiça do Senado, com a participação do ministro da Justiça, Luiz Paulo Barreto.
O pedreiro Adimar Jesus confessou ter matado seis jovens. Condenado a dez anos e dez meses de reclusão por crimes de atentado violento ao pudor, ele havia cumprido quatro anos quando foi beneficiado pelo regime de progressão.
"Era pra ter cumprido dez anos e não cumpriu a pena totalmente. Se o indivíduo pegar 30 anos de cadeia, daqui a dez é solto vai fazer a mesma coisa ou pior", disse Valdirene. "Nós vamos continuar cobrando. Essas leis têm que mudar", afirmou.
Sônia Vieira de Azevedo, mãe de Paulo Vitor, 16, também morto em Luziânia, fez um chamado para uma mobilização por mudanças na legislação. "A gente está sofrendo muito e a gente quer que todas as mães se juntem à gente pra dar força pra gente lutar pra que isso não aconteça mais. Isso não pode ficar no esquecimento".
Durante a reunião no Senado, o ministro afirmou que, mesmo se o condenado cumprir toda a pena em regime fechado, no futuro ele será libertado e é preciso garantir que ele tenha condições de voltar à sociedade sem oferecer perigo.
"Quando a liberação ocorrer no futuro esse cidadão tem que estar apto a retornar ao convívio social. E, se for constatado que ele não tem condições, deveria ter uma providência, algum acompanhamento psicológico, um regime de segurança, pra que não se libere como um todo", disse.
"Precisamos principalmente aperfeiçoar os procedimentos. Não podemos permitir que essas pessoas voltem à sociedade sem um acompanhamento do Estado, sob o risco de outras mães perderem seus filhos no futuro", completou.
Jovens de Goiás
Entre os dias 30 de dezembro de 2009 e 22 de janeiro deste ano, seis jovens com idades entre 14 e 19 anos desapareceram em Luziânia, a 196 km da capital Goiânia (DF). O caso ganhou repercussão nacional e foi investigada, além da polícia, pela CPI do Desaparecimento de Crianças e Adolescentes, da Câmara dos Deputados. O paradeiro dos jovens só foi solucionado na manhã de sábado, 10 de abril, quando o pedreiro Adimar de Jesus Silva, 40 anos, foi preso acusado de estuprar e matar os rapazes. Ele mostrou à polícia o local onde estavam os corpos dos garotos e, em entrevista, se disse arrependido e afirmou que pensava no sofrimento dos familiares dos jovens mortos. O pedreiro também declarou que foi vítima de abusos sexuais no passado e disse que cogitou o suicídio após a repercussão das mortes.