Em uma carta escrita para Daniel Cravinhos, Suzane von Richthofen diz que eles vão ?sair dessa?. A mensagem foi escrita depois de o casal ser preso ? junto com Cristian Cravinhos ? pela morte dos pais de Suzane.
No texto, a condenada escreve: ?Tudo nessa vida tem um final e nos não vamos ficar para sempre presos. Não se envolva com pessoas erradas, que nos vamos sair dessa?.
O Jornal da Record teve acesso a mensagens trocadas entre o casal antes e depois do crime. As cartas foram trazidas para o processo pela polícia e pela defesa dos envolvidos na morte de Manfred e Marísia Richthofen. Elas dão as pistas de um romance que floresceu na adolescência, mas se tornou uma ameaça aos planos que os pais tinham para a menina bem-nascida.
Em um trecho de uma carta, Suzane diz: ?Uma pérola negra: perolas já são raras, agora pérolas negras só se encontra uma vez na vida e eu encontrei você?. Em outra mensagem, ela diz que Daniel é seu anjo da guarda. E mais: ?Você é pra mim tudo: meu namorado, o pai dos meus, nossos filhos. Minha vida!?.
Depois, as cartas vão tomando outro tom: ?Foi Deus que nos uniu e ninguém vai nos separar. Para sempre?.
Brigas
Suzane e o irmão Andreas se integraram à família Cravinhos. Mas a vida paralela começou a incomodar os Richthofen, que já não viam Daniel no futuro da filha.
No Dia das Mães de 2002, pai e filha brigaram por causa do namoro. Suzane xingou o pai e levou um tapa no rosto. Saiu de casa dizendo que não ia mais voltar. Mas voltou, prometeu aos pais que o romance tinha acabado, tirou a aliança de compromisso do dedo. Na verdade, o namoro passou a ser clandestino.
Cartas dessa época mostram o lamento da jovem: ?Ninguém vai conseguir nos separar?, diz. Em outro trecho fala: ?Meu maior sonho é me casar com você e formar uma família realmente feliz?.
Em uma mensagem, ela faz referência direta aos pais: ?Depois de tudo o que meus pais tentaram e não conseguiram nos separar não existe nada que nos separe?.
Nas férias de julho, os pais de Suzane foram para a Europa certos de que estavam livres do namorado da filha. Mas Daniel passou o mês praticamente todo morando no casarão da família Richthofen.
O Ministério Público acredita que foi com a volta dos pais que o crime passou a ser planejado. E no mesmo ambiente em que Daniel usava o talento para construir aeromodelos, o condenado fez as armas do crime.
No enterro de Manfred e Marísia, a aliança de compromisso já estava de volta no dedo de Suzane. O amor resistiu aos primeiros meses de prisão, mas em março de 2004,uma carta de Daniel dá o sinal de que o amor não era o mesmo: ?Não sei por que você não fala mais com os meus pais e nem comigo, será que não confia mais em mim??