A polícia de Santa Catarina divulgou na terça-feira (6) trechos do depoimento do segurança Leandro Emilio Silva Soares, 26, suspeito do assassinato e esquartejamento da universitária Mara Tayana Decker, 19, crime descoberto sábado (3), em Joinville (192 km de Florianópolis).
Segundo o delegado Paulo Reis, Soares confessou tê-la matado por asfixia com uma gravata, no momento em que os dois entravam na casa dele no bairro Guanabara, minutos depois de chegarem ao local, na quinta (1º). O suspeito disse ao delegado que a matou em legítima defesa, reação a uma bofetada que teria recebido dela.
A polícia investiga a participação dele em outro crime, em circunstâncias semelhantes, ocorrido na cidade em 2010. O acusado não pode falar com jornalistas e não tem advogado.
Mara Tayane desapareceu por volta das 3h da quinta (1º) ao sair de um bar no centro da cidade. A polícia divulgou um vídeo do bar que mostra o momento em que os dois saem do bar.
Soares, um homem forte e alto (1m82), sai às 3h13m. Dois minutos depois Mara aparece, com passos lentos, carregando uma garrafa de bebida. Ela se abaixa e por alguns segundos procura por algum objeto no chão e também sai.
Taxista
Na reconstituição das últimas horas dela, a polícia ouviu o taxista que recolheu os dois do lado de fora e os levou do bar à casa do suspeito, onde ela seria encontrada morta no sábado (3). A polícia chegou ao local depois que a mãe de Soares denunciou o crime à polícia.
O taxista disse que Mara não parecia coagida. Segundo ele, a moça entrou no carro após o homem e sentou-se no banco de trás. O segurança ficou no banco dianteiro.
O primo de Mara Tayana disse durante o enterro, no domingo (4), que ela e o suspeito não se conheciam.
Em seu depoimento divulgado pela polícia, Soares disse que Mara o seguiu até o carro e que ele a teria puxado para dentro pelos cabelos. Por essa divergência com o testemunho do taxista, o delegado disse que "a versão de Soares do crime é fantasiosa".
Soares teria dito no depoimento que Mara era amiga de sua ex-mulher e que os dois se conheceram há um mês. Soares ainda disse à polícia que Mara tomara o lado da mulher dele na separação e implicava com ele, inclusive na noite do desaparecimento. A implicância teria sido o motivo da alegada bofetada no rosto.
Soares responde a três processos por violência contra mulheres.
A polícia ouviu também a ex-mulher e uma ex-namorada dele. As duas contaram histórias semelhantes de ameaças de violência. Elas contaram que ele fantasiava matar e esquartejar mulheres, dizendo que esconderia seus corpos em malas.
Perícia
O delegado Paulo Reis ainda aguarda laudo do Instituto de Perícias de Santa Catarina para saber se Mara foi estuprada. A perícia preliminar indicou que ela foi morta por asfixia.
Falta determinar a hora exata da morte. Os peritos querem apurar se ela morreu na quinta-feira, como Soares diz, ou na manhã de sábado, quanto então já estaria em cativeiro por 48 horas.
Reis disse que Soares pode ter interrompido o esquartejamento (Mara foi encontrada sem os braços e uma perna) porque soube que sua própria mãe o havia denunciado à polícia. Ele teria deixado a casa às pressas, sem ter tempo de esconder o cadáver.
Soares está numa cela isolada no Presídio Regional de Joinville à disposição da Justiça.