O caso de um soldado israelense alvo da Justiça brasileira voltou a tensionar as relações entre Brasília e Tel Aviv neste fim de semana. Yuval Vagdani, denunciado por supostos crimes de guerra por uma organização internacional, estava no Brasil desde dezembro de 2024, passando férias com amigos em Morro de São Paulo, na Bahia.
Ao identificar Yuval Vagdani no Brasil, a Fundação Hind Rajab (HRF) acionou a Justiça, acusando o militar israelense de participar da destruição de um bairro no corredor Netzarim, Gaza. Segundo a HRF, a ação ocorreu fora de combate, com intenção deliberada de causar prejuízos à população civil.
A HRF anexou provas no processo, coletadas por meio de investigação com fontes abertas. Imagens mostram Vagdani celebrando ações israelenses em Gaza, onde afirmou nas redes sociais que Israel deveria continuar "destruindo e esmagando este lugar imundo até os seus alicerces".
A juíza Raquel Soares Charelli, do Distrito Federal, determinou a investigação de Vagdani pela PF, com base no Estatuto de Roma, que estabelece o Tribunal Penal Internacional. A HRF também pediu a prisão provisória do soldado, mas o pedido não foi atendido a tempo.
FUGA
Após a repercussão do caso, Vagdani deixou o Brasil e retornou a Israel no domingo (5/1). Um amigo recebeu uma mensagem de uma representação diplomática israelense sobre o caso, mas ainda não se sabe como ele deixou o país. O Ministério das Relações Exteriores de Israel afirmou ter auxiliado na "rápida e segura partida" do militar.
REAÇÃO ISRAELENSE
Através de sua representação diplomática, Israel criticou a decisão da Justiça brasileira, destacando que o país estava "exercendo seu direito à autodefesa" após o ataque do Hamas em 7 de outubro de 2023.
Além disso, a embaixada israelense em Brasília disse que “os verdadeiros perpetradores de crimes de guerra são as organizações terroristas, que exploram populações civis como escudos humanos e utilizam hospitais e instalações internacionais como infraestrutura para atos de terrorismo direcionados a cidadãos israelenses”.