A falta de segurança no Hospital do Mocambinho já é uma reclamação antiga dos funcionários do local. Mas agora, além deles, os pacientes do Caps AD, que funciona no hospital, também estão sendo vítimas desse problema. No último sábado, uma mulher que faz tratamento contra as drogas foi estuprada nas dependências do local e, segundo os funcionários, o acusado é também paciente do Caps AD.
Além do atendimento ambulatorial, funciona no hospital uma unidade do Caps AD, onde são atendidos pacientes usuários de álcool e outras drogas. A vítima do estupro, segundo as denúncias foi pega quando estava sozinha pelo homem, que acabou cometendo o crime. ?Isso acontece porque falta segurança dentro do hospital, faltam profissionais para acompanhar esses pacientes e tanto sofrem os pacientes como nós funcionários, que já fomos até agredidos por esses internos. Além disso, a falta de segurança lá dentro permite inclusive que os pacientes saiam do hospital e voltem com drogas?, disse uma funcionária que quis ter seu nome preservado.
Segundo ela, após o estupro, poucas providências foram tomadas. ?Levaram a mulher à Maternidade Dona Evangelina Rosa, onde comprovaram que de fato ela foi estuprada, e deram remédio para evitar gravidez, mas o acusado continua em contato com ela. Na última vez que tive plantão no hospital, ela me relatou que vive cruzando com ele pelos corredores e tem medo que tudo aconteça novamente?, completou.
Em nota, a Secretaria de Estado da Saúde do Piauí (Sesapi) esclarece que o ato aconteceu enquanto a vítima tomava banho para se dirigir ao local de refeição. Nesse momento, o acusado entrou nas dependências do banheiro e praticou a ação. Mas afirma que todas as providências foram tomadas. ?Foi durante a refeição que a mulher procurou a enfermeira de plantão e contou o ocorrido. Imediatamente, a equipe multiprofissional foi acionada e colheram depoimentos dos envolvidos, além de prestar apoio psicológico e social dos envolvidos. O inquérito foi aberto junto à delegacia da região e aguarda o desenrolar dos fatos?, disse em nota.
Já o acusado evadiu-se do local na segunda-feira (11), mas antes disso, participou do depoimento, quando afirmou ter envolvimento emocional com a vítima.
Segundo a nota, o psicólogo que compõe a equipe multiprofissional do hospital, Ricardo Braga, afirma que a vítima já teria sido vítima de abuso sexual desde a infância, o que pode ter afetado o desenvolvimento da personalidade da paciente. ?Esses abusos talvez afetaram o desenvolvimento da personalidade dela, tornando-a incapaz de discernir quando é um ato sexual voluntário e quando é um ato forçado. Por isso, ela não reagiu no momento em que o acusado praticou o ato?, explica em nota o psicólogo.
A Sesapi afirmou ainda que ?o hospital não conta com controle direto entre os internos uma vez que não se trata de ambiente prisional, mas, de apoio e amparo às pessoas usuárias de álcool e outras drogas, e cumpre todas as diretrizes de humanização propostas pelo Ministério da Saúde?.