EUA: Prestes a ser inocentado, brasileiro confessa homicídios

Os coautores do crime, segundo a denúncia, foram José Carlos Coutinho, 37, e Elias Lourenço, 29. Todos se conheceram ainda crianças em Ipaba (MG)

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O pedreiro brasileiro Valdeir Gonçalves dos Santos, 31, acusado de matar três compatriotas em Omaha, nos Estados Unidos, estava próximo de ser inocentado pelo crime por ausência de provas. Nem os corpos das vítimas foram encontrados.

O único elemento que o incriminava era o depoimento de sua mulher, Vanderlúcia, que dizia que ele matou o empreiteiro Vanderlei Szczepanik, a mulher dele, Jaqueline (ambos de 43 anos), e do filho do casal, Christopher, 7.

De repente, Santos decidiu fazer um acordo com a promotoria e confessou que torturou, esquartejou e jogou os corpos das três vítimas, no rio Missouri, no dia 17 de dezembro de 2009.

Pelo acordo, o pedreiro não poderá ser condenado à morte. Como confessou o crime e delatou dois parceiros, ele poderá ser condenado a no máximo 20 anos de prisão, sendo que com a metade do tempo da pena tem o direito de ser posto em liberdade condicional. O novo julgamento está agendado para dezembro.

O triplo homicídio, conforme ele declarou ao tribunal anteontem, foi cometido juntamente com amigos que também trabalhavam como pedreiros na construtora de Szczepanik, em Omaha. Os coautores do crime, segundo a denúncia, foram José Carlos Coutinho, 37, e Elias Lourenço, 29. Todos se conheceram ainda crianças em Ipaba (MG). Os acusados negam os crimes.

Santos se declarou culpado depois que a mulher dele repetiu no tribunal a denúncia que já tinha feito à polícia, dizendo que cometeu o crime. Na ocasião, ela citou que têm dois filhos (de 6 e 7 anos) com Santos e que as crianças sentem muita falta do pai.

"Acho que ele [o réu] sentiu remorso e pensou na família", afirmou Tatiane Klein, 28, filha do primeiro casamento de Jaqueline.

Após a confissão, a polícia foi com Santos até o rio onde os corpos foram jogados e reiniciou as buscas. Até ontem, nenhum corpo havia sido encontrado. Peritos também retornaram ao imóvel onde ocorreram os assassinatos.

BRIGA

Segundo a denúncia de Santos, a família Szczepanik morreu por causa de um desentendimento financeiro. O mentor do crime foi seu amigo José Carlos Coutinho, que trabalhava com o empreiteiro havia quatro anos.

Coutinho convenceu Santos e Lourenço a matar a família para quitar dívidas que os dois tinham com ele contraídas assim que chegaram ao país. O dinheiro emprestado por Coutinho foi usado para pagar coiotes mexicanos que ajudaram a dupla a atravessar a fronteira americana ilegalmente em 2009.

O trio foi preso dois meses após o crime. A polícia chegou até eles após avaliar imagens do circuito interno de um supermercado que os flagrou fazendo compras com o cartão de Szczepanik.

Coutinho permanece preso em Omaha e a data de seu julgamento ainda não foi marcada. Lourenço foi deportado em abril deste ano porque a polícia dizia não ter provas para incriminá-lo.

OUTRO LADO

Familiares de dois dos três acusados de matar três brasileiros nos Estados Unidos negaram que eles tenham cometido o crime.

Mesmo diante da informação de que seu filho confessou o assassinato no tribunal americano, a dona de casa Maria Aparecida Gonçalves dos Santos, diz que o pedreiro Valdeir Gonçalves dos Santos, 31, é inocente.

"Tenho certeza que meu filho não matou ninguém. Ele deve ter confessado porque ficou com medo de ir para o corredor da morte", afirmou.

A dona de casa Cleonice Ferreira, irmã de José Carlos Coutinho, 37, acusado de ser o mentor do triplo homicídio, disse que a confissão de Santos aconteceu diante alguma ameaça.

"Meu irmão nunca mataria uma pessoa. Quanto mais três. Sei que ele é inocente", disse.

Procurado, o pedreiro Elias Lourenço, 29, que foi deportado para Ipaba em abril deste ano por ausência de provas, não foi localizado pela reportagem.

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