Facção joga óleo em ladeira e “caveirão” da Polícia do Rio derrapa; vídeo

Operação no Complexo do Alemão contra a “Caixinha do CV”.terminou com três mortes e um PM ferido. Oito mandados foram cumpridos

"Caveirão" do Bope desliza em asfalto no Complexo do Alemão | TV Globo/Reprodução
Siga-nos no Seguir MeioNews no Google News

As polícias Civil e Militar e o Ministério Público do Rio de Janeiro deflagraram uma operação no Complexo do Alemão, na zona norte da capital, nesta quarta-feira (15), com o objetivo de desarticular um núcleo financeiro do Comando Vermelho — a "Caixinha do CV". 

BARRICADAS

De acordo com relatos de moradores ao Bom Dia Rio, da TV Globo, traficantes começaram a se movimentar pelo local, ainda na noite de terça, para montar barricadas e espalhar óleo em algumas ruas — um caveirão chegou a derrapar. A polícia investiga se houve vazamento da ação.

Ao todo, 14 caveirões da Polícia Militar foram usados na operação. O jornal comunitário "Voz das Comunidades" postou, em seu perfil no Instagram, que um deles não conseguiu transitar numa rua onde foi espalhado óleo. O blindado teria deslizado e atingido dois carros e uma motocicleta estacionados. As barricadas dificultaram tanto o acesso dos agentes, que foi necessário usar um maçarico para romper ferragens.

foto

TIROTEIO E MORTES

No início da manhã, houve  intenso tiroteio com a chegada das equipes. Um PM do Batalhão de Operações Especiais (Bope) ficou ferido e foi socorrido para Hospital Getúlio Vargas, mas em seguida foi transferido para o Hospital Central da Polícia Militar, no Estácio, onde passou por uma cirurgia e tem quadro de saúde estável. Três suspeitos foram baleados e levados com vida para o Hospital, mas não resistiram aos ferimentos.

Durante coletiva nesta quarta-feira, o coronel Aristheu de Goés Lopes, comandante do Bope, informou que o agente baleado não corre risco de vida. Ele foi atingido no ombro esquerdo e no antebraço direito e passa por cirurgia.

CUMPRIMENTO DE MANDADOS

De acordo com a Polícia Civil, os agentes foram às ruas cumprir 14 mandados de prisão contra suspeitos de integrarem o "núcleo duro", responsável pela parte financeira, da facção. Os alvos desta quarta — ainda no âmbito da Operação Torniquete — são parentes e operadores do fundo financeiro do CV.

Do total de mandados, oito foram cumpridos. Foram presos Jorge Pereira de Jesus, Mariana Miranda de Jesus, Marlene Miranda de Jesus, Givanilda Gomes da Silva, André Mota de Souza, Rosângela Aparecida da Silva, Roberta Guerra Aleixo e Ramirez Cristine da Silva dos Santos. Também ocorreram quatro prisões em flagrante no Complexo do Alemão.

Segundo o delegado Gustavo Ribeiro, titular do 1º Departamento de Polícia de Área da Capital, esses suspeitos eram parentes de traficantes do CV e agiam como intermediários num esquema de lavagem de dinheiro da facção:

"Com a investigação, conseguimos evidenciar que diversos familiares de presos recebiam verdadeiras semanadas e mesadas da facção. O indivíduo trabalhava para a facção, era preso, e a família continuava recebendo dinheiro, como se em uma empresa estivesse. Era como se estivesse fazendo uso de um benefício previdenciário ilegal", explicou em coletiva, nesta quarta-feira.

INVESTIGAÇÕES

As investigações sobre a organização criminosa Comando Vermelho (CV) começaram em 2019, após a prisão de Elton da Conceição, o "PQD da CDD", quando foram descobertos documentos bancários revelando um esquema de lavagem de dinheiro. As investigações se intensificaram em 2020, com a quebra de sigilos fiscais e bancários. A operação desta quarta-feira resultou na prisão de 13 pessoas e na apreensão de armas, veículos, granadas e drogas. 

As armas e as drogas apreendidas pelo Bope no Alemão | Foto: Polícia Militar/X

Os criminosos utilizavam uma "Caixinha" para movimentar dinheiro de atividades ilícitas como tráfico de drogas, roubo de carga e extorsão. Esse fundo financeiro sustentava a facção, financiando armas, drogas, e pagamentos a presos e agentes públicos.

A operação envolveu mandados em diversas áreas do Rio de Janeiro e outros estados, além de uma plantação de maconha. O esquema incluía movimentações financeiras fracionadas para dificultar a rastreabilidade do dinheiro. O Gaeco do MP identificou que esse fundo também financiava a ostentação dos chefes do tráfico, com um sistema de franquia para pontos de venda de drogas. Durante a operação, serviços de saúde e transporte foram suspensos em algumas áreas do Rio.

Com informações de O Globo

Carregue mais
Veja Também
Tópicos
SEÇÕES