Facções criminosas do Sudeste levam terror e medo aos estados do Nordeste

A disputa entre PCC e o Comando Vermelho pelo domínio do tráfico de drogas e hegemonia dos jogos de azar ilegais provocam derramamento de sangue nos estados nordestinos.

Imagem mostra os faccionados do PCC durante uma execução decorrente do racha interno dentro da facção no Sul do Piauí | FOTO: Reprodução
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Terror e medo se espalham pelos estados do Nordeste diante da disputa sangrenta pela hegemonia do tráfico de drogas e jogos de azar entre o Primeiro Comando da Capital (PCC), facção criminosa de São Paulo, e o Comando Vermelho (CV), do Rio de Janeiro.

BANHO DE SANGUE NO PIAUÍ

No mês de fevereiro no Piauí, cinco execuções brutais foram registradas em menos de duas semanas na cidades de Avelino Lopes e São Raimundo Nonato, no no extremo Sul do estado. Os casos foram atribuídos a um racha interno de grupos dentro do próprio PCC.

O conflito envolvia dois grupos da facção que acabaram rompendo relações: os "marotos" e os "brancos", que entraram em guerra e disputaram a região entre o oeste da Bahia e o sul piauiense. 

Os irmãos Fleques Pereira Lacerda, o Pequeno, e Delvane Pereira Lacerda, o Pantera, que foram ladrões de bancos de São Paulo e integrantes do bando "novo cangaço", foram os precursores do PCC no Piauí. Fleques foi assassinado a tiros em uma barbearia em Osasco (SP), em dezembro do ano passado. A morte dele gerou uma guerra sangrenta na região metropolitana de São Paulo e também na cidade piauiense de Avelino Lopes.

confrontos na PARAÍBA

A Polícia Civil da Paraíba e o Grupo de Atuação Especial e de Combate ao Crime Organizado (GAECO), subordinado ao Ministério Público, denunciaram 12 integrantes da cúpula do CV na região estadual, na última sexta-feira (18).

As investigações do Gaeco mostraram que no início de 2023, o CV passou a cooptar antigos membros da Okaida, uma facção criminosa da Paraíba que já foi ligada ao PCC, para consolidar o domínio territorial e monopolizar o tráfico de drogas no estado. Entretanto, a aliança não deu muito certo. 

O GAECO apurou que as dissidências da Nova Okaida em direção ao CV "inauguraram um período de intenso conflito armado". Em julho de 2023, o CV comandou um ataque incendiário a um ônibus em João Pessoa e atribuiu o atentado à Nova Okaida.

Em 19 de junho de 2024, o GAECO e a Secretaria da Administração Penitenciária da Paraíba e a Polícia Civil do Rio Janeiro cumpriram 38 mandados de prisão preventiva e 50 de busca e apreensão no estado. Foram apreendidos 100 kg de drogas, armas, munição e diversos telefones celulares.

No mês seguinte, em 24 de julho de 2024, a PF prendeu Josenias Pereira da Silva, 33, o Boy, integrante do alto escalão do PCC, em Campina Grande. O criminoso trocou a favela de Paraisópolis, em São Paulo, para junto aos comparsas impor o terror e intensificar a dominação da facção paulista em território paraibano.

Boy expulsou vários moradores de suas casas e é suspeito também de ter matado alguns desafetos no município de Aguiar e nas cidades vizinhas. Além dele, os agentes da Polícia Federal também prenderam Gabriel Mendes de Souza.

Família Camacho no Ceará

A Polícia Federal desarticulou uma quadrilha ligada a Alejandro Juvenal Herbas Camacho Júnior, o Marcolinha, irmão de Marco Willians Herbas Camacho, o Marcola, apontado como líder máximo do PCC. Ambos estão presos na Penitenciária Federal de Brasília.

Agentes federais apuraram que Francisca Alves da Silva, a Preta, mulher de Marcolinha, e o filho dele Leonardo Herbas Camacho, comandavam os jogos de azar e o tráfico de drogas no território cearense. Mãe e filho, e outros acusados foram presos preventivamente.

As investigações começaram após o CV fixar cartazes em lugares públicos determinando o fechamento de todas as bancas do PCC que faziam jogos do bicho ou apostas. A PF investigou as lotéricas mencionadas nos avisos e chegou à família e aos comparsas de Marcolinha.

Alagoas e Maranhão

No estado do Alagoas, a polícia prendeu uma mulher de 37 anos, apontada como líder de uma célula do PCC, no último dia 17 de outubro. Segundo as investigações, ela atuava em todo o estado e foi capturada em Piaçabuçu, no litoral sul alagoano.

A mulher tem extensa ficha criminal. Em 2020, ela foi denunciada por tráfico de drogas e associação à organização criminosa. Ela também foi acusada de ter ordenado ao menos dois assassinatos no estado em 2020. As vítimas, duas adolescentes, foram mortas porque eram integrantes do Comando Vermelho. A acusada já havia sido presa em 2019 em Cotia (SP), onde liderava o tráfico de drogas do PCC.

No Maranhão, o PCC inspirou a criação de grupos criminosos como o Primeiro Comando do Maranhão (PCM), que foi fundado em 2007. Integrantes das duas facções já cumpriram penas em presídios federais. Eles são acusados de atuarem nos assaltos a bancos e tráfico de drogas.

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