Após ser baleada em um suposto acidente na casa da melhor amiga, há uma semana, no Ipiranga, zona sul de SP, a adolescente Barbara Lopes Santos demorou ao menos uma hora e 40 minutos para ser socorrida a um hospital. Diversas pessoas estiveram no local, mas não resgataram a garota e nem chamaram uma ambulância. Baseado nisso, o delegado que investiga o caso, Levi D?Oliveira, analisa indiciar a família de Mayara Raquel Barreto, de 19 anos, por omissão de socorro.
Segundo D?Oliveira, o pai, a mãe, o irmão e até o avô de Mayara estiveram na residência após a garota atirar na amiga. Mas nenhum deles ligou para o Corpo de Bombeiros ou para o Samu. Quase duas horas depois do tiro, quando Mayara já havia fugido com a mãe, foi que o pai dela levou a adolescente para um hospital.
O corpo da vítima ficou durante todo esse tempo no quarto dos pais da garota que atirou. Ela contou à polícia, quando se apresentou, na segunda-feira (18), que achou o revólver do pai no armário e apertou o gatilho sem querer. O tiro acertou o olho de Barbara, que ainda estava viva ao ser socorrida.
O delegado ainda vai ouvir o irmão e o avô de Mayara e estuda colher o depoimento da garota e do pai dela novamente.
? A família toda chegou e ninguém fez nada. Estou analisando a responsabilidade individual de cada um, mas podem, sim, responder pela omissão de socorro.
Nesta sexta-feira (22), a polícia vai interrogar dois policiais militares que estiveram no local. Os depoimentos do avô e do irmão de Mayara estão marcados para segunda-feira (25).
D?Oliveira também afirmou que deve, ao fim dos depoimentos, marcar uma reconstituição dos fatos. O objetivo é saber se há versões contraditórias naquilo que foi dito à polícia.
?Ela não deixava minha filha ter namorado?, diz pai de garota morta pela amiga
Possessiva
Mayara foi descrita por alguns amigos e até pela família de Barbara como sendo possessiva. Raimundo dos Santos, pai da vítima, falou que ela não deixava a garota ter namorado e teria sido o pivô do fim de um relacionamento.
O caso
Barbara e Mayara tinham uma amizade muito próxima, até a noite de sexta-feira (15). A adolescente foi à casa da amiga e morreu vítima de um tiro, que a autora afirmou ter sido acidental.
Após balear a amiga, Mayara foi levada pela mãe à casa de um parente em São Sebastião, no litoral de São Paulo. Ela só se apresentou à polícia na segunda-feira (18), acompanhada da mãe.
O delegado ainda não definiu se a garota responderá por homicídio culposo ? sem intenção de matar ?, ou doloso ? com intensão. A garota foi liberada em seguida.