Os familiares dos mortos na Cidade de Deus, Zona Oeste do Rio, chegaram por volta das 9h desta segunda-feira (21) ao Instituto Médico Legal (IML) para identificar os corpos dos sete mortos na comunidade no fim de semana e disseram que seus parentes teriam sido vítimas de execução. De mãos dadas na porta do IML, eles pediam por Justiça. Os corpos foram encontrados ao fim de uma operação no domingo (20), um dia após a queda de um helicóptero da Polícia Militar. Eles dizem ainda que tentaram chegar ao local onde estavam as vítimas e que foram recebidos a tiros pela Polícia.
Os corpos foram encontrados em uma região conhecida como Brejo. "Quando chegamos lá dentro, vimos quatro corpos, todos de bruços. Todos eles com tiro na nuca", diz pastor Leonardo Martins da Silva, pai de uma das vítimas.
De acordo com Simone Carvalho, viúva de Rogério Alberto de Carvalho, os corpos tinham também marcas de facada e até membros arrancados. "Pra a gente eles foram executados. Eles estavam na rua. A gente só ouvia tiro, muito tiro. Foram 12 horas de tiros. A cidade de deus parou. A gente só quer justiça".
Os parentes também contaram que alguns dos jovens tiveram seus pertences levados e roupas trocadas. "Ele saiu com uma roupa e encontramos ele com outra roupa. Botaram outra roupa nele. Ele tava sem nada. Ele tinha telefone, ele tinha outra roupa", disse Gisele, tia de Enzo.
Segundo Viviane, esposa de Rogerio, além dos tiros na nuca, ele também teve a perna arrancada e o corpo tinha marcas de facadas.
"Meu esposo foi executado com dois tiros na nuca, à queima roupa. Arrancaram a perna do meu esposo. Acabaram com meu esposo e saquearam ele. Levaram cordão, levaram aliança, levaram tudo", disse Viviane.
Para Rogerio, pai de Renan, os rapazes não mereciam ter morrido de tal maneira, "independente da vida que eles levavam".
"Infelizmente, todo mundo diz 'vagabundo'. Não é só vagabundo que mora na comunidade. Independente da vida que eles levavam, eles não mereciam morrer do jeito que eles morreram. O meu filho morreu com um tiro nas costas, então meu filho foi assassinado, independente de qualquer coisa. Eu vou deixar bem claro: ele poderia ser vagabundo, ele poderia ser o que for, mas ele não merecia aquilo ali. Nem ele e nem nem os outros", disse Rogério, pai de Renan.