O coronel Cássio Araújo de Freitas, comandante-geral da Polícia Militar de São Paulo, disse nesta terça-feira (3), que o caso em que um policial arremessou um homem de uma ponte na zona sul da capital é o mais preocupante entre os recentes episódios de violência policial. Ele classificou a ação como um "erro emocional" e "infantil", destacando que o agente será julgado pelo ato. O incidente ocorreu sem justificativa aparente, diferentemente de outras ações iniciadas dentro do uso regular da força.
O coronel destacou que, nesse caso específico, não houve emprego de força, tornando o episódio preocupante e atípico. Ele comparou o ocorrido com outros casos recentes, como a morte do estudante de medicina Aurélio Cardenas Acosta, em que o uso da força inicial transbordou para excessos. "Essa me pareceu um pouco gratuita, e isso é o que nos preocupa", declarou.
Controle emocional
Para o comandante, a competência emocional de um policial é desenvolvida com experiência e treinamento sob pressão. Ele explicou que a instituição busca alinhar agentes experientes com mais jovens para reforçar esse aprendizado. Apesar disso, ressaltou que não é possível ensinar controle emocional em sala de aula e que falhas emocionais ainda podem ocorrer, como no caso do homem arremessado.
Revisão
Os casos recentes de violência policial têm levado a PM a rever suas práticas. Freitas anunciou a implantação de um programa focado na redução de danos colaterais, inspirado em episódios como o disparo que matou o menino Ryan Andrade, de 4 anos, em novembro, no litoral paulista. O comandante destacou a importância de sistematizar treinamentos para evitar situações que resultem em mortes ou ferimentos evitáveis.
Letalidade da PM
Entre janeiro e setembro de 2024, a letalidade policial no estado aumentou 81%, com 474 mortes registradas, em comparação com 261 no mesmo período de 2023. O comandante atribuiu o crescimento à intensificação das operações e à alta taxa de reação dos criminosos às abordagens policiais. Ele expressou otimismo em relação a uma redução desse índice em 2025, com base nas mudanças planejadas.
Orgulho
Apesar das críticas e dos desafios, o coronel manifestou orgulho pela Polícia Militar paulista. "Hoje, qualquer polícia moderna do mundo não está um milímetro à frente da PM de São Paulo", afirmou, destacando o esforço contínuo da corporação em evoluir e se adaptar às demandas sociais e operacionais.