Grupo amarra menino de 11 anos, despeja gasolina e ateia fogo

Garoto tinha relacionamento com ex-namorada de um dos suspeitos, diz PM. Todos os suspeitos têm idades entre 13 e 17 anos; menino segue internado

Vizinhança na Estrutural de onde menino de 11 anos saiu com uma amiga na terça-feira (26). Depois disso, ele apareceu queimado e agredido | Rafaela Céo/G1
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A Polícia do Distrito Federal investiga uma agressão contra um menino de 11 anos que foi amarrado, espacando e incendiado na Estrutural, região do Distrito Federal, no último dia 26. Quatro adolescentes ? dois meninos e duas meninas com idades entre 13 e 17 anos ? são apontados pela Polícia Militar como autores da violência. Segundo a PM, o crime teve motivação passional ? a vítima tinha um relacionamento com a ex-namorada de um dos agressores.

O garoto foi levado para o Hospital Regional da Asa Norte (Hran) com traumatismo craniano e queimaduras em 60% do corpo. A Secretaria de Saúde disse que a família não autorizou a divulgação do estado de saúde dele.

Segundo a polícia, depois que os demais adolescentes atearam fogo ao corpo do menino, ele conseguiu se soltar e procurou ajuda em um posto policial.

"Ele chegou aqui [no posto da PM] aos gritos, pedindo socorro. Ele chegou com um grande corte na cabeça, provavelmente de uma paulada que tenha recebido e com o corpo parcialmente queimado. Ainda tinha fumaça saindo de algumas partes da roupa e do corpo dele", disse o coronel da Polícia Militar Antônio Carlos.

De acordo com o relato do menino, a própria namorada, de 13 anos, está envolvida no crime. Ela é ex-namorada de um jovem de 17 anos, que seria o principal responsável pela agressão e tinha saído de uma unidade de internação de jovens infratores há duas semanas. Todos já foram identificados, dois foram ouvidos pela Polícia Civil e dois não foram localizados.

Amizades

A bisavó do menino, Marta do Carmo Silva, contou que o garoto estava na casa dela, antes de sair com uma amiga e ser agredido. A senhora diz que no dia 26, ele chegou do lixão, onde atuava como catador, às 18h, tomou um banho, assistiu a programas de TV e jantou. Às 20h, saiu com a jovem, que aparentava ter, segundo a bisavó da vítima, 17 ou 18 anos.

"Quando ele estava saindo, falei para ele ter cuidado com as amizades, cuidado para aquilo ali não ser laço. Ele respondeu: "Que nada, vó, cala a boca." A irmã do jovem, que é criada pela bisavó tem 15 anos e também alertou o irmão. "Ela [irmã] disse quando ele já estava na rua: "Cuidado para isso não ser uma panelinha para você", fala dona Marta.

A vítima da agressão se mudou para Estrutural em outubro do ano passado, com três irmãos, a mãe e o padastro. Antes, a família vivia em Águas Lindas de Goiás. A bisavó diz que o menino não estava estudando e tinha se envolvido com amizades ruins. A atividade no lixão também não era aprovada pela bisavó.

"Um dia, conversamos e disse para ele que não achava ruim que ele tivesse amigos, desde que fosse gente boa. Perguntei se ele não queria estudar e mudar de vida, que o lixão era muito ruim. Eles respondeu que não."

A Estrutural, local onde ocorreu o crime, é uma das regiões mais carentes e violentas do Distrito Federal e surgiu de uma invasão de terras.

Outros casos

No Distrito Federal, pelo menos outros dois casos de pessoas incediadas tiveram repercussão nos últimos anos. Em 1997, cinco jovens de classe média queimaram o índio Galdino de Jesus enquanto ele dormia em um ponto de ônibus, no centro de Brasília. Um dos rapazes era adolescente e cumpriu medida socioeducativa. Os outros quatro foram presos e condenados.

Nesta semana, cinco homens estão sedo julgados por atearem fogo a dois moradores de rua em Santa Maria, região a 26 quilômetros de Brasília. O crime ocorreu em 25 de fevereiro de 2012. Uma das vítimas morreu e a outra teve 20% do corpo queimados.

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