Um homem armado de pistola entra correndo em uma farmácia e pega um balconista como refém. Além dele, outras duas mulheres e um homem que trabalham no local ficaram sob as ameaças do bandido. Tumulto, desespero. A Polícia chega, cerca o local, começa uma negociação que dura cerca de 15 minutos e termina com a prisão do assaltante, libertação dos reféns, duas pessoas feridas a bala. Este é o enredo de um flagrante feito ontem, com exclusividade, por uma equipe de reportagem do Diário do Nordeste , na farmácia Portugal, situada na Avenida da Abolição, no bairro Meireles.
A equipe de reportagem passava pelo local no exato momento em que bandido e Polícia conversavam, na tentativa desta de solucionar o problema sem mais gravidade.
A história começou por volta das 15h30. Um homem armado com uma pistola invadiu a farmácia e rendeu o balconista Antônio Maia Bezerra. ´Escutei uns tiros, de repente o bandido estava atrás do balcão. Tudo aconteceu muito rápido, mas naquele momento parecia uma eternidade. O homem estava com a pistola apontada para mim todo tempo´, disse ele. ´Eu acho que a minha pressão arterial foi ao extremo. Eu tentava pedir calma a ele o tempo todo, principalmente quando os policiais se aproximavam de nós´.
Antes de entrar na farmácia, o assaltante, posteriormente identificado como Adriano Correia Moura, tinha abordado uma pessoa no meio da rua em uma tentativa de assalto.
Uma equipe de policiais do Pelotão de Motos do Ronda do Quarteirão, que passava pelo local, acabou perseguindo o bandido. ´A gente ia passando pela avenida, fazendo a nossa rota diária, quando percebemos a confusão na rua. Corremos para ver o que era e o homem fugiu, correndo para este prédio. Viemos atrás e houve uma troca de tiros´, contou o soldado PM Rodrigues. Ele e o soldado PM Gondim estavam fazendo a ronda diária pela Avenida Abolição quando o fato aconteceu.
No tiroteio, dentro da farmácia, além do assaltante - que sofreu dois tiros na perna - também ficou ferido a bala José Inocêncio Ferreira Silva, de 64 anos. Foi ele a pessoa abordada pelo assaltante no meio da rua minutos antes.
Cerca de 30 policiais militares, em pelo menos, dez viaturas, chegaram ao local e permaneceram lá, cercando toda a área, enquanto dois conversavam com o bandido que se escondia por trás do balconista. Depois de algum tempo, os PMs conseguiram se aproximar e fazer com que o assaltante entregasse a pistola. O balconista foi libertado e, em seguida, outros três funcionários da farmácia que estavam recolhidos mais ao fundo do estabelecimento. Dois deles, que eram mulheres, deixaram o local chorando.
Rendido e baleado, Adriano foi preso em flagrante e socorrido para o hospital junto com Inocêncio Ferreira Silva, também ferido a tiros, que tinha sido abordado por ele, antes. A pistola encontrada em poder de Adriano tinha a numeração raspada, conforme mostraram os policiais militares ainda no local.
A Polícia suspeita que o assaltante tenha agido com a cobertura de outra pessoa, que conseguiu fugir. Testemunhas contaram à Polícia ter visto um homem em uma moto, nas proximidades, que saiu rapidamente do local quando o tiroteio começou. ´Possivelmente era a pessoa que estava dando cobertura´, disse um PM.
Esta não foi a primeira vez que o balconista Antônio Maia Bezerra foi feito refém em um assalto. ´Aconteceu antes, em outra farmácia que trabalhei. Só sabe o que é passar por uma situação assim quem já passou. E eu passei duas vezes´, contou, emocionado, e com o rosto ferido por estilhaços de vidro.
O estrago se via depois, no chão da farmácia. Vidro por todo lado, sangue, coisas espalhadas pelo chão.
O caso foi levado ao 2ºDP, na Aldeota, onde testemunhas e vítimas começaram a ser ouvidas ainda ontem. É para aquela delegacia que o assaltante Adriano vai ser levado assim que receber alta do hospital, onde encontra-se sob escolta policial.