Com uma população de 155.396 pessoas, Timon é uma cidade que se expande cada vez mais. Por conta disso, a população acaba precisando cada vez mais de políticas de segurança que deem conta desta expansão.
Embora esta não seja considerada uma cidade tão violenta por parte da população, uma preocupação crescente é o número de casos de violência advinda do tráfico de drogas.
Segundo dados da Polícia Militar, até agosto deste ano foram 37 homicídios na cidade, sendo que deste total 40% dos casos estão relacionados a tráfico de drogas.
O que mais preocupa a polícia local é que eram pessoas que, ou vendiam as drogas, possuíam casas de venda ou ainda eram os traficantes com poder de mando.
Outra preocupação está relacionada à reincidência de pessoas envolvidas com crimes. Segundo a Polícia Militar, do total de mortes, 59% foram de ex-presidiários ou de pessoas com ficha criminal.
O que aponta uma necessidade de repensar estratégias que deem conta de solucionar situações de ex-presidiários, até no sentido de uma reinserção social.
Para o comandante do 11º Batalhão da Polícia Militar, major Juarez Medeiros, estes números de homicídios não são considerados tão altos, haja visto o número da população total, no entanto, o tráfico exige um esforço por parte da polícia no sentido de combater a venda.
A estratégia utilizada até aqui pela polícia tem sido a realização de blitze diárias na cidade. O resultado disso é que até agora já foram apreendidas 74 armas de fogo, representando 20 armas a mais do que no ano passado. As armas apreendidas em geral, também estão relacionadas ao tráfico de drogas, de forma direta ou indireta.
Segundo major Medeiros, o número de pessoas menores de idade que são pegas com armas de fogo também é um indicador preocupante. Estas crianças e adolescentes em geral são pegas realizando furtos. Os furtos realizados são, em geral, para compra de drogas.
Bairros afastados precisam de atenção
A cidade de Timon guarda em suas características uma estrutura física, onde o comércio e as atividades urbanas em geral, claramente, se concentram em uma região.
Além disso, a cidade tem se expandido para áreas cada vez mais distantes. O morador do Bairro Parque Piauí I, Raimundo Neto, observa que a violência também acompanha esta expansão.
Ademais é registrado o maior número de violência em bairros mais periféricos. Só para ter uma ideia, o último homicídio um homem foi morto com três tiros no bairro Cidade Nova, um dos mais violentos da cidade.
Fora isso, os bairros mais centrais também não estão livres dos casos.
Raimundo Neto conta que foi assaltado relativamente próximo de sua casa. O indivíduo portava arma de fogo, mas nada lhe aconteceu. O jovem estudante aponta também que a cidade precisa de uma estratégia que dê conta de chegar aos bairros mais distantes.
"A cidade está se expandindo desordenadamente, sendo que os bairros novos estão cada vez mais distantes. Desta forma, acredito que a política de segurança pública não tem acompanhado este ritmo.
Acredito que melhorias para que os bairros da periferia não apareçam na estatística entre os mais perigosos deveriam ser a aproximação maior do poder público a estas localidades, ou seja, que cheguem lá com politicas pública nas várias áreas, como educação e saúde", diz Raimundo Neto.
Para atender a população de 155.396 a cidade de Timon conta com um contingente da polícia militar de 230 pessoas, sendo que 20 deles são designados a ficar no presídio.
Também contam com quatro patrulhas convencionais e quatro rádio-patrulhas, o Grupamento de Operação Especial (GOE) também conta com uma e outra da Força Tática.
Para os trabalhadores deste setor, há um deficit para atender a demanda, no entanto Major Medeiros conta que esperam a realização de concurso público para 2 mil novas vagas para o Maranhão.
Homicídios têm relação com capital do Piauí
Separada de Teresina apenas por pontes, os homicídios na cidade de Timon guardam estreitas relações com o tráfico de drogas na capital do Piauí. As mortes estão ligadas a pessoas que moram na capital com um percentual de 21% dos casos, sendo ou pessoas que morrem ou executores das mortes.
O balanço feito pela polícia de Timon constatou que a proximidade com a cidade de Teresina também tem relação com o tráfico de drogas. Neste sentido, a média é de uma morte por mês, já que foram registrados oito assassinatos de janeiro até agosto. Para o comandante da polícia, o major Juarez Medeiros, a zona rural de Timon serve muitas vezes como esconderijo para criminosos do Piauí.
"O inverso também acontece, ou seja, de pessoas de Timon que acabam morrendo em Teresina. Acreditamos que os criminosas da cidade de Teresina venham até Timon para se esconder, quando chegam aqui são pegos", diz major Medeiros.
Outro ponto interessante de destacar é que os homicídios são realizados, em geral, com armas como paus, pedras, enforcamentos ou ainda facadas. Estima-se que 50% dos atos de homicídios são realizados com armas brancas.