Vizinhos da idosa Tamine Buteri, de 87 anos, agredida e torturada por uma cuidadora em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, relatam, nesta segunda-feira (19), que os últimos três meses foram de grande desespero para ela. Segundo eles, foi nesse período que os gritos e pedidos de socorro começaram a ser ouvidos.
Presa neste domingo (18), a cuidadora Vera Lúcia Cardoso da Silva, de 49 anos, acusada de torturar e agredir a idosa, que sofre de Alzheimer, foi transferida para o presídio feminino de Bangu, na Zona Oeste do Rio, nesta tarde. Ela responderá por tortura. Segundo a Polícia Civil, testemunhas do caso devem prestar depoimento na quarta- feira (21).
?Ouvi várias vezes. Ela gritava pedindo ?socorro?, ?me larga? e a pessoa que estava cuidando dela ofendendo e gritando com ela?, afirma a enfermeira Cristiane Moura, 41 anos. Segundo Cristiane, ela e os filhos quiseram inúmeras vezes falar com a família da idosa, mas como eles trabalham e viajam com frequência nos finais de semana, nunca encontravam filhos ou netos da idosa.
Quando a idosa caiu, há cerca de 4 meses, e fraturou o fêmur, foi Cristiane que ajudou a socorrê-la. Segundo a vizinha, a situação estava deixando ela e os três filhos muito consternados. ?Por ela ser indefesa, isso nos deixava ainda mais irritados. É uma senhora magrinha, com porte bem frágil?, diz Cristiane.
Segundo a família, era comum ver a agressora na rua, lavando a calçada ou fumando. ?Jamais poderíamos imaginar que ela seria capaz daquilo. As imagens que vimos hoje nos chocaram demais. A cama estava em um estado lamentável. A gente ouve falar dessas coisas, mas quando é perto da gente, é ainda mais complicado?, afirmou Cristiane.
De acordo com o filho de Cristiane, Willer Duarte, de 18 anos, era até difícil conseguir dormir em função das agressões. ?Começava cedo, entre 7h e 8h, justamente na hora que ela devia estar fazendo a higiene da idosa. Nunca conseguíamos falar com a família para dizer que alguma coisa de errada estava acontecendo ali dentro?, afirmou.
A idosa mora em um terreno com duas casas e foram os vizinhos que moram no andar de cima que denunciaram a situação à família. ?A casa de cima ficou vazia um bom tempo. Essas pessoas mudaram há cerca de um mês e como eles tiveram contato com a família antes, avisaram o que estava acontecendo?, disse Cristiane.
Câmeras
O filho da idosa instalou câmeras na casa e descobriu que uma das cuidadoras agredia a idosa, conforme mostrou reportagem do Bom Dia Rio.
As gravações foram feitas durante três dias. Nas imagens, a acompanhante bate em Tamine Buteri. Ela também sacode a cabeça da vítima, que não pode se levantar da cama.
Durante um ano e oito meses, Vera acompanhou a senhora, que está com as duas pernas quebradas. A idosa foi agredida várias vezes. "Ela não podia ter feito isso com minha mãe, isso não justifica, mas agora quem vai resolver não somos nós, é a Justiça."
Foi o próprio filho que chamou Vera para ajudar a mãe. Os dois se conheceram na igreja que frequentam. Na delegacia, Vera se disse arrependida.