Influencer admite falta de preparo para lidar com emergências em clínica de estética

O Studio Natalia Becker, localizado no Campo Belo, zona sul de São Paulo, não possuía equipamentos para emergências.

Natalia Becker foi responsável pela aplicação de peeling de fenol que causou a morte de Henrique Chagas | Reprodução
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A influencer Natalia Becker, de 29 anos, investigada pela morte de Henrique Chagas, de 27, após um peeling de fenol, admitiu à polícia que ninguém na sua clínica tinha preparo para realizar primeiros socorros. Essa informação consta no interrogatório obtido pelo Metrópoles, prestado em 5 de junho, no 27º Distrito Policial (Campo Belo). Durante o depoimento, a influencer estava acompanhada por sua advogada.

O Studio Natalia Becker, localizado no Campo Belo, zona sul de São Paulo, não possuía equipamentos para emergências. Segundo Natalia, havia apenas um medidor de pressão e um oxímetro, que estava sem pilha no dia da tragédia. A ausência de preparação e de equipamento adequado para emergências foram confirmadas no interrogatório.

Natalia Becker, sem formação médica, passou a realizar peelings de fenol após fazer um curso online em junho de 2023. A clínica contava com quatro funcionárias, todas também sem formação em atendimentos médicos. Essa falta de qualificação foi um ponto central na investigação.

TUDO SOBRE O CASO 

Quando questionada sobre os riscos e possíveis consequências do procedimento, Natalia afirmou ter apenas o conhecimento fornecido no curso: possíveis tremores e dores nos pacientes. Ela relatou que, em caso de emergência, a solução seria chamar a emergência, como foi feito no incidente.

Aos investigadores, Natalia afirmou que usava fenol "atenuado" com 35% de concentração, adquirido pela internet em plataformas como Mercado Livre ou Shopee, optando pelo fornecedor mais barato. Ela não soube informar de quem comprou o fenol usado em Henrique Chagas, afirmando que só comprava o produto quando tinha um procedimento agendado.

Henrique Chagas, segundo a investigada, não relatou alergias ou problemas de saúde antes do procedimento e não passou por nenhum teste. Na ficha clínica, consta apenas que ele usou Roacutan por um mês, sem data especificada. Natalia disse que Henrique estava tranquilo e mencionou que a sensação na pele era agradável.

Imagens de segurança mostram o momento em que Henrique começa a se sentir mal após o peeling. Ele fica ofegante e desmaia na maca. Natalia, seu marido e os funcionários tentaram reanimá-lo, sem sucesso. O vídeo evidenciou a falta de preparo da equipe para lidar com a emergência.

Marcelo Simões, companheiro de Henrique, percebeu o mal-estar após o procedimento. Henrique, sentado na maca, relatou tontura, mas disse estar bem. Pouco depois, começou a piorar e teve dificuldade para respirar. Marcelo gritou por ajuda enquanto Henrique piorava rapidamente.

O incidente ocorreu em 3 de junho. Desesperado, Marcelo pediu ajuda a Natalia, que perguntou se Henrique costumava dormir de olho aberto e se ele queria que o resgate fosse acionado. As perguntas evidenciaram a falta de preparo e de protocolos de emergência na clínica.

Natalia Becker, também conhecida como Natalia Fabiana de Freitas Antonio, foi acusada de homicídio doloso. Ela se apresentou na delegacia dois dias após a morte de Henrique e prestou depoimento por cerca de duas horas. Em entrevista aos jornalistas, afirmou estar triste pelo ocorrido e lamentou profundamente pela família da vítima, dizendo que nunca teve a intenção de prejudicar ninguém.

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