A insegurança é um problema que ocorre em todas as regiões de Teresina, mas a questão tem assolado muitos lojistas do centro da cidade. Todos os meses são várias as reclamações de empresários que já tiveram seu estabelecimento violado. A região, predominantemente de comércio, se torna alvo fácil, sobretudo pela ausência de residências que acaba deixando o ambiente deserto.
Clécio Assunção já foi vítima da ação de bandidos por quatro vezes, todas elas em um prazo de um ano. Proprietário de uma loja de acessórios na Rua Rui Barbosa, ele calculou o prejuízo em torno de R$ 16 mil.
?Este ano já foram quatro vezes. Na primeira vez, tentaram violar o cadeado, mas não conseguiram. Passaram três dias e abriram uma brecha, levaram os produtos que estavam mais próximos da porta?.
De acordo com lojistas da Rua Barroso, praticamente todas as lojas do quarteirão próximo à Praça Saraiva já foram alvo de bandidos. E o que mais indigna os empresários é a proximidade com a Secretaria de Segurança.
Da loja de Clécio é possível visualizar a sede do órgão. ?O investimento que fazemos é mais para intimidar, mas não impede.Chega até a ser irônico, temos a secretaria tão próximo, mas não temos segurança?, completa.
Aos finais de semana e feriados os casos de arrombamento são mais frequentes. E foi justamente no feriado prolongado da Semana Santa que a lanchonete de Antônia foi arrombada.
De acordo com ela, a sorte foi que os bandidos deixaram para agir na madrugada de domingo para segunda e no momento da ação, policiais passaram em frente ao local e perceberam o movimento.
?Levaram pacote de refrigerante, liquidificador, só não levaram mais coisa porque a polícia passou. Mas em uma loja vizinha eles levaram até o bujão de gás. Imagine se eles tivessem agido na sexta, ou no sábado. A loja ficaria arrombada e o prejuízo seria ainda maior?, conta.
Antônia também afirma que foi vítima das ações dos bandidos por outra vez e que por conta do risco, dorme preocupada todos os dias. ?Aqui teve até um tempo que não acontecia, mas do último ano para cá voltou. O problema é que quando começa em uma loja vai em todas. Não conheço uma loja aqui que não tenha sido roubada.
E os trombadinhas entram até mesmo durante o dia. E eles chegam ameaçam. Uma vez estava só eu e uma funcionária quando um rapaz chegou e mostrou um facão na cintura. Ficamos sem ação. Falta segurança, com certeza?, pontua.
DP registra média de 20 arrombamentos mensalmente
O 1º Distrito Policial, que atende a região do centro de Teresina acumula vários Boletins de Ocorrência todos os meses em virtude de arrombamentos no comércio.
Embora não haja um levantamento específico e os arrombamentos acabam sendo classificados juridicamente como furto qualificado no momento do registro da ocorrência, o número de reclamações chega a ser superior a 20 todos os meses. É o que diz o delegado Carlos André do 1º DP.
?Esse crime é um dos mais comuns nessa região, bem mais que nas residências. Até porque loja sempre chama atenção, o bandido sabe o que vai encontrar?, explica.
De acordo com o 1º DP, somente no mês de maio deste ano foram registrados 224 furtos, entre eles, cerca de 10% foi referente a arrombamentos. De acordo com o delegado Carlos André, a falta de investimento por parte dos empresários também facilita a ação de bandidos.
?O que muitas vezes complica a investigação é o fato de que muitas lojas não têm sistema de segurança. As câmeras podem ajudar na investigação. Os lojistas poderiam também colocar vigias no local. Isso pode inibir a ação dos bandidos?, sugere.
Investir para garantir segurança
A quantidade de arrombamentos tem forçado os empresários a investir cada vez mais na segurança de seus empreendimentos. Muitos deles, sem circuito interno de câmeras ou alarmes, acabam facilitando a ação dos bandidos. Outras lojas que nem chegaram a ser arrombadas também aproveitam para investir a fim de evitar o pior.
Clécio, depois da sequência de furtos decidiu investir na segurança de sua loja; mais de R$ 3 mil em equipamentos de segurança. ?A gente só se previne depois que é violado.
Mas nunca pensei que ia ser vítima. Porque bijuterias são artigos tão baratos. A gente pensa que eles vão procurar peças mais valiosas, mas eles roubam tudo?, conta.
Para Antônia, só quem sofre mais são os pequenos empresários. ?Depois do último assalto, mudamos cadeado, fizemos de tudo para dificultar o acesso. As empresas grandes podem colocar uma proteção melhor, mas as pequenas sofrem mais porque não têm como investir o suficiente?, explica Antônia.