O soldado da Polícia Militar de Sergipe Jean Alves de Souza confessou duas das três mortes que ocorreram na noite desta sexta-feira (27) no Huse (Hospital de Urgência de Sergipe), em Aracaju, informou a Polícia Civil do Estado.
O irmão de Jean e tenente da PM de Sergipe Genilson Alves de Souza, até então principal suspeito dos crimes registrados no maior hospital público de Sergipe, confirmou apenas a presença no local, mas negou ter atirado, a despeito de testemunhas que apontaram sua responsabilidade.
Os irmãos militares se apresentaram à polícia na tarde deste sábado (28) e permanecem presos, ao lado de outro irmão e um sobrinho.
Segundo a delegada Thereza Simony, diretora do DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa) da Polícia Civil do Estado, os irmãos protagonizaram uma "tragédia familiar", ao invadirem a unidade de saúde para vingar a morte de outro irmão, que estava internado no local após se envolver em um tiroteio na periferia da cidade.
Os tiros dentro do hospital levaram pânico à unidade --médicos e pacientes saíram correndo e visitantes desesperados tentaram deixar o local.
Todos os feridos no tiroteio, inclusive dois homens que haviam atirado contra o irmão dos militares, estavam internados no Huse.
O roubo, há uma semana, de uma moto de Ginaldo Alves Souza, irmãos dos PMs, foi o estopim dos crimes.
Segundo o coordenador das delegacias de Aracaju, Flávio Albuquerque, um grupo liderado por Adalberto Santos Silva roubou a moto de Ginaldo na semana passada.
Em depoimento, o soldado Jean disse que seu irmão Jailson Alves de Souza e um sobrinho chamado Ralf procuravam a moto de Ginaldo em um bairro da periferia da cidade.
Segundo o relato do PM, os dois foram então abordados por Adalberto e Cledson dos Santos, que estavam em uma moto e começaram a atirar, atingindo Jailson pelas costas e Ralf na perna. Ralf também atirou na direção dos dois.
Todos foram levados para o hospital. Segundo a delegada, quando a família soube que Jailson havia morrido na unidade, Ralf acusou Adalberto e Cledson e Jean atirou nos dois, matando-os.
De acordo com a delegada, baseada em relato de testemunhas, o tenente Genilson teria se desesperado e atingido Marcio Alberto Silva Santos, que aguardava atendimento na unidade após sofrer um acidente de moto e não teria relação com a briga.
Jean confessou ter matado apenas Adalberto e Cledson. O tenente Genilson continua como principal suspeito da morte de Marcio.
Ralf e Ginaldo foram presos neste sábado (28), antes da apresentação dos PMs, e permanecem detidos.
PÂNICO
Com o tiroteio, houve "pânico geral" no hospital, segundo relato de Jorgeval Vieira Macedo, ouvidor da unidade de saúde.
"Foi um pânico geral e abalou todo o hospital. Funcionários e pacientes, muitos saíram correndo, teve gente desesperada que tentou sair do local. Até agora estamos chocados", afirma.
Ele diz ainda que muitos pacientes provavelmente pediram transferência após o tiroteio.
Em nota, o governo Marcelo Déda (PT) informou lamentar os fatos e que "continua dando toda a assistência e auxílio necessários às famílias e colaborando para a elucidação do crime".
CONDENAÇÃO PRÉVIA
Segundo o comandante da PM de Sergipe, coronel Aelson Resende Rocha, o tenente Genilson já sofrera uma condenação judicial.
O coronel, no entanto, não soube dizer sob qual acusação o tenente foi processado. Informou apenas que o policial entrou com recurso.
De acordo com o comandante, Genilson tem 27 anos de Polícia Militar. Trabalhava no planejamento de operações do Comando do Policiamento do Interior. O coronel disse que nunca recebeu queixas a respeito do comportamento dele, que era tido como militar "dedicado".