O início do ano letivo no primeiro ano do ensino médio em uma nova escola tem sido traumático para um adolescente de 15 anos em Santo Ângelo, na Região das Missões, no Rio Grande do Sul. Vítima de preconceito, o garoto foi agredido por um colega após revelar sua opção sexual. Em tom de desabafo, ele procurou a Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (ABGLT) e fez o relato da violência que sofreu.
"Venho sendo agredido desde que me assumi gay", resume o jovem, que foi agredido a socos e pontapés por um colega do lado de fora da Escola Estadual Onofre Pires. "Depois das ameaças, um colega me esperou do lado de fora e começou a me dar socos. Metade da turma viu e ninguém fez nada. Isso foi durante o dia. Muitas pessoas viram o que aconteceu e me ajudaram, mas não sei se fariam isso se soubessem quem sou", desabafa.
Abalada, a família do estudante tirou o menino da escola e o transferiu para um colégio particular. A mãe diz que o filho está bem fisicamente, mas que a agressão o abalou psicologicamente. "Ele está muito abalado com tudo que aconteceu. O problema dele é psicológico. Todos nós ficamos muito chateados com o que aconteceu. Espero que não se repita", diz a mãe.
O episódio fez com que a Polícia Civil intaurasse um procedimento de apuração de fato infracional para investigar as circunstâncias do fato. Procurada, a titular da Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente da região, Elaine Maria da Silva, acredita que o caso possa ser resolvido em até 30 dias. "O menino diz que foi vítima de homofobia. O fato foi registrado como lesão corporal na delegacia. Estamos investigando tudo que aconteceu. Dentro de 30 dias vamos encaminhar ao Ministério Público", afirmou.
?Tenho medo que aconteça alguma coisa comigo. Quero que alguém me ajude, antes que eu vire mais um nas estatísticas de vítimas da LGBT", relatou o garoto.
A 14ª Coordenadoria Regional de Educação, em Santo Ângelo, diz que a escola já tomou as providências necessárias para evitar que agressões como essa se repitam. ?Estamos realizando palestras para professores e alunos em todas as escolas da região para que isso não aconteça novamente. É o máximo que podemos fazer?, afirma Adelino Jacó Seibt. A escola disse que não vai se pronunciar.