Um estudante de 27 anos, que preferiu não revelar o nome, denunciou nesta segunda-feira (29) que foi amarrado, ameaçado de morte e violentado sexualmente por um homem identificado como Antônio Diógenes de Sousa Passos, que ele conheceu por meio de um aplicativo de relacionamentos. O crime aconteceu no último sábado (27), em Teresina. O caso está sendo investigado pela delegacia do 1º Distrito Policial.
Segundo o depoimento do estudante, os dois se conheceram por meio do Grindr, um aplicativo de relacionamento dedicado à comunidade LGBT. O encontro aconteceu no apartamento da vítima, onde, segundo a denúncia, Antônio usou ataduras e ameaçou a vítima com uma faca, dando início às agressões físicas e sexuais.
A vítima registrou um Boletim de Ocorrência no dia do crime, fez exame de corpo de delito e foi encaminhada ao Instituto Natan Portela para receber o coquetel de medicamentos que evita a contaminação por doenças sexualmente transmissíveis. Na manhã desta segunda-feira (29), o estudante compareceu ao 1º Distrito Policial de Teresina, que está investigando o caso, e conversou com a reportagem do Meionorte.com. A vítima, bastante abalada, mostrou imagens das diversas escoriações pelo corpo e contou como o criminoso agiu.
“Eu comecei a conversar com ele na segunda-feira pelo aplicativo. Eu estava com uma prova marcada para o final de semana, já avisando que não iria conseguir sair de casa para o encontro. No sábado, ao meio-dia, depois de insistir para me ver, ele decidiu ir ao meu apartamento”, relatou.
O estudante afirma que Antônio chegou no prédio em um carro branco, que ele acredita ser de um cúmplice. “Ele é muito inteligente e ardiloso, mas não age sozinho, acredito que ele estava acompanhado de outro homem”, contou.
As agressões começaram no quarto da vítima. "Quando ele chegou, me mandou lamber os pés dele, eu neguei e então ele cuspiu na minha cara. No mesmo segundo, eu cuspi de volta e ele me deu um tapa forte no rosto. Ele estava com um saco cheio de ataduras e veio para cima de mim falando que iria me amarrar, disse que se eu não sentasse, ele iria me matar”, contou.
O estudante explicou que, sob ameaça de uma faca que o sujeito pegou da cozinha da vítima, Antônio conseguiu amarrar seus tornozelos, joelhos, pulsos e cotovelos. “A todo momento eu pedia para ele ter calma, mas ele me amarrou e estuprou”, falou. Em determinado momento, o estudante disse que conseguiu soltar parte dos membros e chegou à janela para gritar por socorro. “Eu subi na cama, comecei a gritar, subi nas costas dele e a gente brigou por uns minutos”, relatou.
A vítima afirma que uma amiga ouviu seus gritos e chamou a polícia. Quando a viatura chegou, o homem já havia fugido. O estudante contou que, durante o depoimento, o escrivão contou que Antônio foi denunciado por supostamente ter esfaqueado um outro jovem na última quinta-feira (25). Os policiais responsáveis pela investigação informaram à reportagem que ainda não podem se manifestar.
Nas redes sociais, o sujeito, que está sendo investigado pela polícia, acumula menções em relatos de outros crimes. Um jovem de Teresina, que preferiu não se identificar, fez um alerta associando Antônio Passos a golpes de aplicativos de namoro.
De acordo com um internauta, uma amiga quase foi roubada pelo mesmo homem. Conforme os comentários, a estratégia adotada pelo sujeito é sempre a mesma: ele se conecta às vítimas por meio do Grindr e Tinder.
Em um dos relatos, um jovem diz que duas vítimas estão sendo chantageadas por Antônio. “Tentou roubar uma amiga minha, ‘meteu’ a faca no pé da outra, amarrou, filmou elas no sexo e agora está chantageando. Se você conversa ou está conversando com ele, já está avisada”, diz a publicação.
Outro internauta compartilhou que um amigo já foi vítima do golpista em julho deste ano. “O menino foi tão profissional que roubou notebook, celular e as senhas do cartão. O menino acordou e o cara tinha roubado, desativado iCloud [sistema de armazenamento da Apple] e já gastou mais de R$ 10 mil”, conta.
O Meionorte.com não conseguiu descobrir quem representa Antônio Diógenes de Sousa Passos na Justiça para pedir uma posição sobre o caso. A reportagem tentou entrar em contato pelo Instagram, mas não obteve resposta até a publicação deste conteúdo.
Histórico
A reportagem apurou que Antônio Diógenes de Sousa Passos foi preso em março de 2017 acusado de estelionato em uma ação da Polícia Civil do Maranhão. O crime teria ocorrido em São Luís.
O superintendente da Seic, Tiago Bardal, informou que Antônio Passos estava hospedado em um hotel de alto padrão do Bairro do Calhau, onde custeava altos valores em diárias, alimentação e relevantes compras, sempre utilizando cartões de crédito clonados, segundo as investigações realizadas pela Polícia Civil.
Conforme investigações da Superintendência Estadual de Investigação Criminal (Seic), Antônio chegou a gastar mais de R$ 10 mil com diárias e compras em apenas sete dias. Com ele foram apreendidos oito cartões de crédito em nome de inúmeras possíveis vítimas, além de um cartão de memória contendo imagens de cartões e respectivos números e códigos de segurança.