O estudante Anderson Veloso, de 21 anos, que foi agredido e violentado sexualmente na noite do dia (30) em Petrolina, em Pernambuco, concedeu entrevista e falou sobre o caso que ganhou repercussão pelo grau de crueldade. Após um mês do ocorrido, o jovem que é natural de Picos e estuda psicologia na Universidade Federal do Vale dos São Francisco (Univasf), relata que é hostilizado e sofre preconceito ao andar na rua.
"Já cansei de passar por situações assim, mas ninguém tem coragem de falar diretamente para mim, porque sabem que vou denunciar, botar a boca no trombone. Já fiquei sabendo de muita coisa, ouvi que pessoas comentam de mim, inclusive, mas prefiro não dar valor a isso", disse ao acrescentar:"No começo me incomodava bastante, mas agora menos, porque só eu sei do meu coração. Só eu sei da dor que eu senti e ainda sinto. Não tem um dia que eu não lembre do que sofri".
Anderson conta que passou a sofrer ofensas nas redes sociais. "É por causa desse machismo tão grande que existe a homofobia, o feminicídio e várias outras coisas, porque só existe o “homem”: ele é o mais importante, o melhor. Não existe mulher, homossexual. Enquanto isso acontecer, as pessoas continuarão apanhando, morrendo, sofrendo", declarou.
Na época do ataque, Anderson escreveu um relato comovente no Facebook, afirmando que se tratava de um crime de homofobia, e que foi capturado por três homens, colocado em um carro, agredido fisicamente e verbalmente e violentado sexualmente.
“Fui levado a um lugar desconhecido e chegando lá me espancaram com socos, me derrubaram no chão e continuaram a me bater, mesmo já debilitado, após isso me enforcaram com o cordão do meu short. Como se não bastasse tudo isso que aconteceu, ainda violaram sexualmente de mim”, escreveu no Facebook, na época.
Ele relatou que os agressores o ameaçavam e gritavam: "vou te matar viado" e "vai embora de Petrolina, viadinho". O jovem disse ainda que jamais imaginou que sofrer um crime de homofobia e denunciou a violência da cidade pernambucana.
“Tantas e tantas vezes já havia ouvido falar que a homofobia matava, mas mesmo assim, isso não me chegava aos olhos, visto que nunca havia passado por uma situação como essa. Hoje, só hoje, eu posso verdadeiramente enxergar que o preconceito é capaz de nos levar a lugares nunca vistos antes, e com o coração despedaçado, infelizmente”, disse.